Apenas 14% das escolas públicas brasileiras têm conexão pedagógica

O Brasil ainda tem 30 mil escolas públicas desconectadas, mas a maioria das 140 mil não tem equipamentos ou acessos velozes. A sociedade civil também se organiza, como o Instituto Conecta Brasil que pretende levar 100 Mega a 500 mil alunos até o próximo ano.

Crédito: TV.Síntese

Com 30 mil das 140 mil escolas públicas desconectadas e apenas 14% das que têm acesso à internet com capacidade adequada para uso pedagógico, a transformação digital da educação pública brasileira é uma tarefa que exigirá muito esforço. É o que mostra a CEO da MegaEdu, Cristieni Castilho, que participou, nesta quinta-feira, 4, de painel do Edtechs e as Escolas públicas – Avançado na Inovação e Conectividade, promovido pelo Tele.Síntese.

Cristieni acredita que soluções sustentáveis e não obrigações podem resolver melhor o problema. Segundo ela, a entidade já fez um levantamento de atratividade econômica nos entornos das escolas para oferta do serviço e cálculo de rotas para estimar o custo da conectividade e com isso estimular a participação de empresas de telecomunicações nesse esforço.

Mas sabe que muitas escolas vão depender de recursos públicos. “Uma em cada cinco escolas está fora de região onde há oferta de banda larga fixa e só 6% das escolas conectadas têm computadores suficientes para atender alunos e professores”, afirma Cristiene.

O MegaEdu trabalha com seis secretarias estaduais de educação, que respondem por oito mil escolas públicas. A instituição ajuda na elaboração de planos de conectividade para essa base de colégios. Para Cristiani, o governo deve trabalhar para levar a internet onde ainda não tem e aumentar a banda ofertada da maioria das escolas onde a velocidade é insuficiente.

ISPs

O Instituto Escola Conectada, por sua vez, está levando links de 100 Mbps para 257 colégios públicos sem qualquer contrapartida, em parceria com nove provedores regionais: Sumicity, Um Telecom, Wirelink, Tely, Ligue, Telium, Telecall, NetCintra e SOW. Para o co-fundador da Datora/Arqia e vice-presidente do instituto, Raul Fuchs, a iniciativa é resultado da disposição de empreendedores em ajudar o Brasil.

Segundo Fuchs, os ISPs têm uma malha significativa de fibra óptica, mas há lugares onde suas redes não estão presentes e defende que o governo deveria pensar em algum incentivo para que esses empreendedores cheguem lá. “Os provedores não podem investir em redes de 50 a 100 km, com recursos próprios para atender as escolas”, disse.

A meta do Instituto Escola Conectada é atender 100 mil alunos neste ano e 500 mil, em 2023. As conexões podem aumentar com a adesão de novos provedores à instituição, que é mantida com os recursos da Datora.

Conteúdo

A co-fundadora da Omeltech Desenvolvimento, Roberta Omeltech, outra palestrante do painel, vê a conectividade das escolas com diferente perspectiva, de como levar conhecimento e conteúdo para o aluno. O objetivo da startup é a criação de conteúdo que forme alunos para o mercado de trabalho, “é a conexão do mercado com as escolas públicas, de forma ampliada”, destaca.

Roberta disse que a pandemia mostrou que a forma de se comunicar mudou, assim como o novo ensino médio prevê trilhas de conhecimento que requerem temas diferentes dos que foram passados até agora. “Temos que desconstruir o comportamento para criar outros, com temas voltados para produtividade, gestão do tempo e planejamento, por exemplo”, disse.

O Edtech e as Escolas Públicas continua na sexta-feira, com a participação de outros especialistas do setor. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas aqui. 

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Lúcia Berbert

Lúcia Berbert, com mais de 30 anos de experiência no jornalismo, é repórter do TeleSíntese. Ama cachorros.

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