Manuel Andrade: Os desafios tecnológicos por trás das redes ópticas submarinas
*Por Manuel Andrade
Aplicações na nuvem, transmissão de vídeos em altíssima definição (4K e 8K), realidade aumentada, 5G. Tudo isso aponta para a perspectiva de um aumento de tráfego – e de demanda por banda – cada vez maior, não só nas redes terrestres de comunicações como também nas redes submarinas, responsáveis pelas transmissões de ultralonga distância entre continentes e grandes centros urbanos separados pelos oceanos.
Para dar conta da demanda, que vem crescendo rapidamente, pelo menos nove cabos submarinos de nova geração foram construídos recentemente, ou estão em processo de construção, para conectar o Brasil a outros países no mundo. Além de ampliar as capacidades de transmissão de dados gerados pelas novas aplicações IP e de vídeo, o objetivo é também diversificar as rotas de comunicação existentes atualmente. O cabo submarino que está sendo construído pela Angola Cables, ligando Fortaleza a Luanda, por exemplo, será a primeira rota a conectar a América Latina à África pelo Atlântico Sul.
No entanto, apesar da demanda que tem motivado diversas operadoras e provedores de serviços over-the-top (OTTs) a investir na construção de novas redes submarinas, existem apenas seis empresas no mundo (a Padtec é uma delas) com capacidade para fornecer uma solução completa nessa área. Afinal, trata-se de um grande desafio, uma vez que a solução precisa oferecer alta capacidade de transmissão e, ao mesmo tempo, atender às exigências de altíssima confiabilidade, desempenho e robustez para atender esse mercado.
Um dos elementos mais importantes – e críticos – da rede submarina de longa distância é o amplificador óptico, equipamento responsável pela amplificação intermediária do sinal ao longo do cabo submarino. Além de utilizar componentes ópticos avançados, capazes de garantir elevado desempenho e transmissões de alta qualidade, esse equipamento deve possuir uma proteção mecânica complexa que permita suportar corrosão e as altíssimas pressões do fundo do mar – a profundidades de até 8 mil metros -, propiciando um tempo de vida útil mais longo (superior a 25 anos). Eletrônica e óptica robustas, com redundância nos componentes principais, são características essenciais do repetidor óptico submarino, assim como o consumo otimizado de energia e dissipação de calor. Para superar todos os desafios que uma rede transoceânica apresenta, o equipamento deve ser submetido a um conjunto completo de testes, em laboratórios especializados – como de pressão e tração, simulando condições reais do fundo do mar.
Uma solução completa (turnkey) de rede óptica submarina – tanto para atender aplicações regionais como sistemas de ultralonga distância – deve incluir também Branching Units (BUs) passivas e ativas, que permitem alta flexibilidade e redução de custos na implantação de novos cabos; equipamentos externos de alimentação de energia para os amplificadores ópticos; sistema de supervisão, responsável pelo monitoramento contínuo do estado do cabo e dos repetidores ópticos. Além disso, fazem parte da solução a conexão com a planta terrestre, o gerenciamento da obra de implantação e os serviços de manutenção da planta submarina, que requer equipes altamente especializadas capazes de atuar de forma rápida e precisa.
Para sistemas submarinos já existentes que ainda não exploram toda a sua capacidade, o conceito alien wavelength oferece uma alternativa de expansão flexível e sem interrupções. Trata-se de uma solução que aproveita toda a estrutura da planta submarina existente, protegendo os investimentos já feitos, na ampliação da capacidade da rede.
Todos esses equipamentos e serviços que constituem uma plataforma submarina de transmissão óptica de última geração são resultado de um grande esforço de pesquisa e desenvolvimento em tecnologia – e também de algumas parcerias – que apenas um seleto grupo de empresas no mundo ousou realizar.