Em conferência da OIT, Lula critica concentração de poder no mercado digital

Em discurso no lançamento da Coalizão Global para Justiça Social, presidente reforça que 'nenhum país é capaz de resolver sozinho os dilemas que afetam toda a sociedade internacional', entre eles, do ambiente digital.
Presidente Lula em discurso na 112ª conferência da OIT, na Suíça | Foto: Ricardo Stuckert / PR
Presidente Lula em discurso na 112ª conferência da OIT, na Suíça | Foto: Ricardo Stuckert / PR

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, abordou desafios do ambiente digital em discurso durante o lançamento da Coalizão Global para Justiça Social no âmbito da 112ª conferência da Organização Mundial do Trabalho (OIT), em Genebra (Suíça), nesta quinta-feira, 13.  O presidente defendeu o combate à desigualdade no acesso às tecnologias e ao desenvolvimento que elas proporcionam.

“O poder computacional necessário para mover suas engrenagens é desigualmente distribuído. Seu insumo essencial são nossos dados, nossa atenção e nosso tempo, e é disputado ferozmente por um punhado de empresas. Nenhum país é capaz de resolver sozinho os dilemas que afetam toda a sociedade internacional”, afirmou o presidente.

Neste sentido, Lula destacou que “a inteligência artificial transformará radicalmente nosso modo de vida” , o que demanda preparo. “Teremos que atuar para que os benefícios [da IA] cheguem a todos e não apenas aos mesmos países que sempre ficam com a parte melhor. Do contrário, tenderá a reforçar vieses e hierarquias geopolíticas, culturais, sociais e de gênero”, disse o chefe do Executivo.

Quanto ao acesso à conexão, o presidente enfatizou que há dados indicando um terço da população mundial fora da internet e pacerla ainda maior sem conectividade significativa. “A diversidade linguística ainda não está adequadamente representada no ambiente digital”, observou.

O discurso também chamou atenção para o papel dos trabalhadores no avanço tecnológico. “Ações e políticas voltadas para o desenvolvimento de habilidades digitais e sustentáveis serão fundamentais em uma economia global cada vez mais descarbonizada e intensiva em tecnologia. Nas revoluções industriais anteriores, aprendemos que inovações tecnológicas podem ampliar os horizontes da humanidade. Mas foi a luta dos trabalhadores que disciplinou e democratizou seu uso”, afirmou.

Plano de IA

O governo federal esperava divulgar em junho deste ano um plano para IA que posicionaria o Brasil como potencial desenvolvedor da tecnologia e modelo no estabelecimento de diretrizes. A previsão era de apresentação durante a 5ª Conferência Nacional de CTI (5ª CNCTI), que estava prevista para este mês. Contudo, o evento foi adiado para ocorrer em 30 de julho a 1º de agosto, em decorrência das atenções voltadas para o estado de calamidade no Rio Grande do Sul.

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Carolina Cruz

Repórter com trajetória em redações da Rede Globo e Grupo Cofina. Atualmente na cobertura dos Três Poderes, em Brasília, e da inovação, onde ela estiver.

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