LG vai fechar fábrica de Taubaté e concentrar produção em Manaus
A fabricante de eletroeletrônicos LG decidiu fechar as portas da fábrica que possui em Taubaté, no interior de São Paulo, e concentrar a produção em Manaus, no Amazonas. A medida é resultante da decisão global anunciada pelo grupo na segunda-feira, 5, de abandonar o segmento de celulares e focar na produção de aparelhos de linha branca e tecnologias de casa conectada.
Em Taubaté, a empresa tem 400 funcionários dedicados à produção de celulares. Outros 300 são alocados na manufatura de computadores e monitores. Com o fim da linha de celulares, a subsidiária brasileira decidiu concentrar toda a produção na unidade localizada na Zona Franca de Manaus, onde tem acesso a benefícios fiscais relativos ao ICMS e à lei análoga à de informática, com redução do IPI.
“Em virtude dessa decisão, a empresa também fará a transferência da produção de notebooks, monitores e all in one para sua unidade de Manaus, de modo que fortaleceremos nossa competitividade comercial em TV / PCs / monitores, com foco na fábrica existente de Manaus e, continuaremos a expandir com profissionais de vendas e serviços relacionados”, diz a empresa, em comunicado.
Conforme o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região (Sindmetau), a LG tem 1 mil funcionários na cidade. Além dos 700 que ficam nas fábricas, outros 300 atuam em call center. Apenas o call center estaria com o funcionamento mantido.
Há intenção de readequar a fábrica na cidade para produção de produtos de linha branca – mas isso depende do fim da pandemia e da obtenção de incentivos fiscais junto ao governo paulista, disseram representantes da LG aos interlocutores do sindicato dos trabalhadores.
A empresa negocia com o sindicado uma rescisão contratual e a transferência alguns trabalhadores de São Paulo para o Amazonas. Novas reuniões acontecem na sexta-feira, 9. Neste momento a negociação abrange 10 pontos, em temas como plano médico, PLR, indenização e qualificação profissional.
Greve
Estão em greve os trabalhadores de três fábricas de celulares terceirizadas: Blue Tech e 3C, localizadas em Caçapava, e Sun Tech, em São José dos Campos. O movimento afirma que o paro é por tempo indeterminado. As três somam 430 trabalhadores.
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos quer que a LG garanta aos terceirizados os mesmos benefícios na rescisão contratual que os funcionários diretos terão. Mas vai além, pede que o governo federal promova a estatização das fábricas que promoverem demissão em massa.
“O que está acontecendo com a LG faz parte de um processo de reestruturação para aumentar as margens de lucro. Nosso país tem capacidade tecnológica para produzir celulares e pode assumir as fábricas que estão sendo fechadas”, afirma o presidente do Sindicato, Weller Gonçalves.
O Sindicato de São José dos Campos entrou, na segunda-feira, com uma representação no Ministério Público do Trabalho e apresentou denúncia contra a LG e suas fornecedoras por demissão coletiva em plena pandemia, ausência de negociação prévia, falta de transparência e de boa-fé. O Sindicato pede a instauração de inquérito civil para que seja aprofundada a apuração dos fatos e que se busquem soluções para reduzir o impacto social da decisão da LG.