Lançado primeiro foguete privado do Centro Espacial de Alcântara
No domingo, 19, às 14h52, aconteceu o lançamento do foguete sul-coreano HANBIT-TLV, o de número 500 do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). O veículo levou a bordo carga útil desenvolvida 100% no Brasil. O voo durou 4 minutos e 33 segundos. O lançamento foi planejado para dezembro de 2022, foi foi adiado por questões técnicas.
Segundo o Chefe do Subdepartamento Técnico do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), Brigadeiro Engenheiro Luciano Valentim Rechiuti, a Operação, denominada Astrolábio, é o resultado da parceria entre o DCTA e a empresa sul-coreana INNOSPACE para demonstrar a capacidade nacional em desenvolver tecnologias espaciais e lançar foguetes. Foi a primeira vez que uma empresa privada estrangeira lançou um foguete a partir da base brasileira.
“O sucesso deste lançamento binacional, envolvendo o Brasil e a Coreia do Sul, ratifica que o Centro está totalmente apto, tanto do ponto de vista técnico-operacional, quanto do ponto de vista administrativo, para realizar lançamentos de foguetes nacionais e estrangeiros em praticamente quaisquer épocas do ano”, falou.
O Presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Carlos Augusto Teixeira de Moura, acredita que daqui para a frente, a base será cada vez mais utilizada e diz que o lançamento “abre a oportunidade de o Brasil efetivamente se inserir no mercado internacional de transporte espacial”, comentou.
A promessa da AEB é que o Centro Espacial de Alcântara seja expandido. “Este lançamento quebrou um paradigma, pois poderemos ter diversas operações comerciais, a partir do CEA, nos colocando entre os centros espaciais reconhecidos mundialmente e inseridos nesse mercado tão grande e que se desenvolve a cada dia mais, que é o mercado espacial. O lançamento do HANBIT-TLV e as parcerias futuras trarão uma série de benefícios, pois são receitas que vêm para o município de Alcântara, para o estado do Maranhão e para o Brasil”, concluiu.
Questão sensível
Apesar do discurso, no entanto, a construção da base na cidade é repleta de polêmica. A obra foi planejada ainda na década de 1980, pelo então regime militar no Brasil, e previa a utilização de áreas quilombolas. O Movimento dos Atingidos pela Base Espacial de Alcântara questiona a reativação do Centro no governo Jair Bolsonaro, e a desapropriação das terras e cassas de 792 famílias tradicionais locais.
A cidade de Alcântara fica a 22 Km da capital do Maranhão, São Luís, e possui 152 comunidades quilombolas registradas, das quais, 32 tiveram terras expropriadas pelo decreto de 1980 que criou o CLA. Essas famílias foram reassentadas em agrovilas. No entanto, a Comissão Internacional de Direitos Humanos questionou em janeiro de 2022 o feito, e diz que o resultado foi negativo para as famílias e aquém do ideal. Recomendou o reassentamento, indenização e retorno, onde for possível, das famílias retiradas.
O caso foi enviado à Corte Interamericana de Direitos Humanos, onde aguarda a realização de audiência e julgamento definitivo.