Juros do cartão de crédito superam os 370% em junho

Os novos contratos de crédito no mês de junho para as pessoas físicas tiveram taxa média de juros de 51,5% ao ano, segundo o BC.
Juros do cartão de crédito rotativo superam os 370% em junho - Crédito: Freepik
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Os novos contratos de crédito no mês de junho para as pessoas físicas tiveram taxa média de juros de 51,5% ao ano, alta de 1,1 p.p. no mês e de 11,7 p.p. em doze meses. Já nas operações com cartão de crédito rotativo, os juros bancários cobrados das pessoas físicas subiram para 370,4% ao ano. Os dados são das Estatísticas monetárias e de crédito divulgados nesta segunda-feira, 29, pelo Banco Central.

O crédito com recursos livres às famílias somou R$ 1,7 trilhão em junho, com acréscimos de 1,4% no mês e de 25,4% em doze meses. Por modalidades, o crescimento foi bastante disseminado, com destaque para cartão de crédito total (+1,2%), crédito pessoal não consignado (+1,7%), crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS (+1,4%) e crédito consignado para trabalhadores do setor público (+0,7%).

Já o crédito com recursos direcionados alcançou saldo de R$ 1,9 trilhão em junho, com expansão de 1,3% no mês e de 11,5% em doze meses. As operações contratadas com pessoas jurídicas cresceram 1,6% no mês e 3,1% em doze meses), totalizando R$ 685,3 bilhões. Nas operações com as famílias, o crédito direcionado cresceu 1,2% no mês e 16,8% em doze meses, alcançando saldo de R$ 1,3 trilhão.

O estoque das operações de crédito do SFN totalizou R$ 5,0 trilhões em junho, alta de 1,6% no mês, composta pelos incrementos de 2,1% na carteira de pessoas jurídicas (saldo de R$ 2,0 trilhões) e de 1,3% na de pessoas físicas (R$ 2,9 trilhões).

Na comparação com o mesmo período do ano anterior, o crescimento em 12 meses do estoque total de crédito acelerou de 16,9%, em maio, para 17,8%, em junho. Esse desempenho resultou da expansão do estoque de crédito para pessoas jurídicas, que passou de 10,5%, em maio, para 12,8% em junho, e da desaceleração de 21,8% para 21,5% no crédito para pessoas físicas, considerados os mesmos períodos de comparação.

O crédito com recursos livres às empresas totalizou R$ 1,4 trilhão em junho, com elevações de 2,3% no mês e de 18,4% comparativamente a junho de 2021. Em maio, o crescimento em 12 meses havia sido de 16,7%. Entre as principais modalidades de crédito que contribuíram para o desempenho do segmento empresarial em junho, destacaram-se as operações de desconto de duplicatas e outros recebíveis (+9,1%), impulsionadas por fatores sazonais, as operações de capital de giro com prazo superior a 365 dias (+1,7%) e os financiamentos a exportações (+4,1%).

As concessões de crédito totalizaram R$ 503,9 bilhões em junho, registrando acréscimo de 24,8% no acumulado em doze meses. Nas séries com ajuste sazonal, as concessões para empresas recuaram 0,9%, enquanto no segmento de pessoas físicas cresceram 1,8%.

Custo mais alto

O Indicador de Custo do Crédito (ICC), que mede o custo médio de todo o crédito do SFN, atingiu 20,5% a.a., elevando-se 0,3 p.p. no mês e 3,2 p.p. em 12 meses. No crédito livre não rotativo, o ICC situou-se em 26,7% a.a., com variações de 0,3 p.p. em junho e de 4,0 p.p. em 12 meses. O spread geral do ICC aumentou 0,1 p.p. no mês, para 13,4 p.p., acumulando elevação interanual de 1,3 p.p.

A taxa média de juros das novas contratações de crédito em junho atingiu 28,1% a.a., com elevação de 0,5 p.p. no mês e de 8,1 p.p. em relação a junho do ano anterior. Em linha, o spread bancário das novas contratações situou-se em 17,7 p.p., com incrementos de 0,5 p.p. e de 3,3 p.p., na mesma ordem.

A taxa média de juros das operações livremente pactuadas atingiu 39% a.a. em junho, com expansões de 1,0 p.p. no mês e de 10,6 p.p. em comparação a junho de 2021. Nos novos contratos com pessoas jurídicas, a taxa média de juros alcançou 22,6% a.a. (+0,7 p.p. no mês e +8,1 p.p. em doze meses). Nos novos contratos com pessoas físicas, as taxas de juros atingiram 51,5% a.a. (+1,1 p.p. no mês e +11,7 p.p. em doze meses).

Cheque especial e cartão de crédito

No cheque especial das pessoas físicas, a taxa subiu de 127,9% ao ano, em maio, para 129,2% ao ano, em junho. É a maior taxa desde abril de 2022, quando somou 132,7% ao ano.

Já nas operações com cartão de crédito rotativo, os juros bancários cobrados das pessoas físicas subiram de 368,8% ao ano, em maio, para 370,4% ao ano, em junho de 2021. Essa é a maior taxa desde agosto de 2017 (428% ao ano).

A inadimplência do crédito total do sistema financeiro, que considera os atrasos superiores a 90 dias, registrou estabilidade em junho, situando-se em 2,7%. Esse desempenho refletiu a estabilidade nos atrasos acima de 90 dias no crédito livre (3,6%) e a diminuição de 0,1 p.p. no crédito direcionado (1,2%).

A apresentação dos dados de junho originalmente ocorreria no fim de julho, mas as divulgações pelo BC seguem atrasadas mesmo após quase dois meses do fim da greve de servidores do órgão.

(com assessoria)

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Redação DMI

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