InternetSul vai iniciar campanha para o poste limpo na região

Alexandro Schuck, presidente da entidade e integrante do Comitê de Prestadores de Pequeno Porte (CPPP), pretende também ampliar a interação com a Anatel na redefinição dos serviços de telecom, em debate.
InternetSul vai fazer campanha de poste limpo
Alexandro Schuck compartilhou projetos da Internet Sul e colaboração com Anatel nas definições de SCM, SVA e SCI. (Foto: Carolina Cruz)

Em um cenário em que todo o setor de telecomunicações está atento à revisão regulatória dos serviços que ocorre no processo de simplificação de normas discutido pela Anatel, mais de 150 provedores de internet do Rio Grande do Sul têm suas pautas levadas ao Comitê de Prestadoras de Serviços de Telecomunicações de Pequeno Porte (CPPP) da agência, representados pela InternetSul. O diretor da associação e CEO na RBT Internet, Alexandro Schuck, membro do Comitê, compartilhou com o Tele.Síntese as principais prioridades dos ISPs. E, entre elas, a conscientização das empresas para limpeza dos postes.

Na mesma semana em que a InternetSul realizou o maior evento de provedores da região, o Link ISP 2022, seus dirigentes estiveram em Brasília, reunidos com conselheiros da Anatel. Entre os assuntos tratados, o rumo das definições de SCM, SVA e SCI – Serviços de Comunicação Multimídia, Serviço de Valor Adicionado e Serviço de Conexão à Internet – que estão em análise pela agência.

O tema protagoniza o ponto de maior divergência entre pequenos provedores e empresas de telecomunicações de grande porte, pois envolve o futuro da Norma 4, usada pelos ISPs, mas considerada ultrapassada por operadoras.

Contrariando a área técnica da agência e as prestadoras de grande porte, o Conselho Diretor da Anatel decidiu manter a Norma 4, mas deve delimitar as definições de SCM, SVA e SCI. É neste contexto que a InternetSul atua para defender os interesses dos ISPs e aprimorar o trabalho que vem fazendo na relação do setor com o poder público e concessionárias. Veja os principais trechos da entrevista;

Tele.Síntese: Como foi a reunião com a Anatel?

Alexandro Schuck: A InternetSul tem uma cadeira no CPPP, que é o Comitê de Provedores de Pequeno Porte, e lá foram discutidos diversos assuntos de interesse do setor. Nesse momento, a Anatel está discutindo, principalmente essa questão da Norma 4. Nós conversamos com o presidente Baigorri e Artur Coimbra sobre esse assunto. Inclusive, garantindo que a norma 4 vai se manter. Nossas pautas principais lá são, além da Norma 4 e a questão dos postes.

Caso a Anatel tome uma decisão em relação a Norma 4 que traga prejuízos financeiros para o setor, como a InternetSul pretende agir? Há possibilidade de judicializar o caso?

A Anatel já garantiu que ela não vai excluir a norma 4, então, até este momento, não afeta os provedores.

De que forma a InternetSul atua na discussão da Norma 4?

Nós oferecemos para a Anatel o auxílio dos nossos consultores, que conhecem bem o setor. A gente pretende cooperar com a Anatel, quanto mais possível, para que se tenha uma visão melhor do que representa o SCM, SVA e SCI para nós.

Quanto aos postes, quais são as prioridades do setor?

A principal prioridade hoje é a aproximação com as concessionárias. Temos dificuldade em estabelecer um valor mais justo do ponto de fixação. A Aneel e a Anatel, em 2014, definiram que o valor do poste era R$ 3,19, que hoje, ajustado, estaria entre R$ 5 a R$ 6. Mas as concessionárias praticam em torno de R$ 10, R$ 15. Isso dificulta e gera ocupação irregular.

A aproximação que a gente tenta fazer, junto com outras associações, é para propor uma solução para o mercado. Nesta semana, na reunião do CPPP, apresentamos em conjunto, novamente, a opção da gestora de postes, que é uma empresa que vai fazer a gestão do ponto de fixação e a limpeza. Hoje, acreditamos que a concessionária não tem gente para fazer isso e nem é tanto do interesse dela.

Como você enxerga o mercado de ISPs dentro do cenário em que estamos, de atenções voltadas para o 5G?

A única coisa que o 5G vai mudar, de fato, nesse primeiro momento, é quando fizermos um teste de velocidade, porque o resto das aplicações vão rodar da mesma forma. Ainda não se tem uma real percepção da tecnologia  como algo que vai mudar a vida de alguma forma. Já no futuro, sim, devemos ter novas aplicações criadas em cima dessa tecnologia. Mas neste momento, não vai afetar o mercado. Dentro deste contexto, a gente acredita que a internet móvel e fixa sempre vão coexistir, tem equipamentos fixos e móveis.

Além do 5G, temos o WiFi 6E, com velocidades que vão chegar a 8GB. Então, teremos melhorias na internet fixa futuramente também. Apesar que hoje já termos uma velocidade bastante rápida.

Ainda falando de futuro, estamos em um cenário de muitas fusões de ISPs. A InternetSul está acompanhando algum acordo atualmente?

No mercado do Rio Grande do Sul aconteceram muitas fusões e ainda estão acontecendo. Mas, da mesma forma como ocorrem as fusões, também nascem outros provedores. O mercado está aquecido, mas acredito que vai desacelerar um pouco, pelo menos no próximo ano, devido a um valor eixo menor das operações.

Quais são os projetos futuros da InternetSul?

Vamos lançar um projeto de conscientização do poste limpo onde, em conjunto com nossos associados, vamos assinar um termo de cooperação para que empresas associadas , quando enxergarem algum cabo solto, arrumem, para que a gente colabore com o meio que a gente utiliza.

Quando o termo deve ser oficializado?

Deve sair no próximo mês, com participação de todos os 150 associados. E tomara que seja replicado por outras associações porque é mais uma questão de conscientização das empresas.

*A reportagem acompanhou o Link ISP 2022, realizado pela InternetSul, a convite da associação

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Carolina Cruz

Repórter com trajetória em redações da Rede Globo e Grupo Cofina. Atualmente na cobertura de telecom nos Três Poderes, em Brasília, e da inovação, onde ela estiver.

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