Interesse pela Oi se restringe apenas aos ativos móveis, diz Telecom Italia

Grupo dono da TIM Brasil divulgou resultados de 2019, em que reverteu prejuízo de 2018 em lucro. Empresa divulgou também plano estratégico para o triênio.

A Telecom Italia, controladora da TIM Brasil, publicou ontem seu balanço financeiro de 2019. Hoje, fez a apresentação junto a analistas, na qual, aproveitou para falar também um pouco mais da proposta de comprar, junto com a Telefônica, a unidade móvel da Oi.

Diz o grupo italiano que a proposta é bem dirigida e específica aos ativos celulares. Apenas este negócio da Oi, e nenhum outro, interessam neste momento. Afirma também que a compra resultará em sinergias, que poderão se colhidas imediatamente, já no primeiro ano da fusão. E ressalta que o negócio levará ao crescimento da TIM, justamente em função das sinergias que vai gerar.

Para refrescar a memória dos acionistas, a Telecom Italia ainda expôs quais os principais ativos dentro da Oi Móvel que serão complementares à TIM Brasil. A base de clientes, com quase 37 milhões de usuários, gera R$ 7,5 bilhões em receitas. Além disso, a Oi tem 92 MHz em espectro e 14,6 mil torres que entrariam na aquisição.

Resultados de 2019

O detalhamento consta dos resultados do ano da Telecom Italia, divulgados hoje, 11. A dona da TIM conseguiu transformar o prejuízo de € 1,69 bilhão de 2018 em um lucro de € 1,2 bilhão. O prejuízo de 2018, vale destacar, ocorreu em função de uma baixa contábil de € 2,59 bilhões, resultante da revisão do valor dos ativos de rede doméstica e de parte da rede de atacado internacional.

Em termos de receitas, o grupo italiano registrou € 17,97 bilhões, 5,1% menores que em 2018. O lucro operacional cresceu 1,2%, para € 8,15 bilhões. O EBITDA foi de € 8,15 bilhões, ante cifra de € 7,4 bilhões no ano anterior. O endividamento bruto da companhia aumentou mais de 10%, para € 34,65 bilhões. A dívida líquida ficou em € 27,66 bilhões.

A maior fatia dos resultados registrados veio da unidade doméstica. No mercado italiano o grupo faturou € 14 bilhões, queda de 6,3%. Teve ainda EBITDA de € 5,7 bilhões, queda de 10,2%.

No Brasil, onde é dona da TIM Brasil, a Telecom Italia registrou receitas de € 3,93 bilhões, ligeira queda sobre os € 3,94 bilhões do ano anterior em função da forte desvalorização do real frente o euro. Em moeda brasileira, como anunciado recentemente, houve melhora de 2,3% das receitas da TIM no país.

Plano industrial

Assim como a TIM Brasil fez ontem, a Telecom Italia também divulgou seu plano industrial para o triênio 2020-2022. A empresa diz que pretende reduzir o endividamento líquido, descontados aluguéis, para abaixo de € 20 bilhões graças à venda de 12,4% da Inwit, a unidade de infraestrutura.

As receitas com serviços devem ser um pouco mais baixas neste ano, e um pouco mais altas ao final do triênio, isso por conta de um risco “sanitário” sem precedentes, afirma a companhia, referindo-se à pandemia do novo coronavírus (Covid-19) que assola a Itália e outros países neste ano.

Nele, a companhia explicou melhor a parceria com o fundo KKR na infraestrutura fixa. A empresa diz que a KKR vai participar da expansão da rede fixa da operadora realizando um investimento de € 1,8 bilhão para deter 40% da Fibercop, a nova empresa do grupo que será dona de toda a rede secundária de acesso em fibra e cobre da Telecom Italia.

A Fibercop será responsável por rede de acesso e por vendas de atacado, também funcionará como integradora da parceria com a Open Fiber, rival de menor porte dona de redes de fibra. Ao final da criação e dos investimentos, irá cobrir 1,6 mil cidades onde a infraestrutura é precária ou inexistente.

Aliás, o plano de fundir a rede fixa de acesso primária com a Open Fiber seguirá, uma vez que tem apoio do governo para a formação de uma rede única no país da bota.

Móvel e B2B

Também como na TIM Brasil, a Telecom Italia vai focar na redução da base de clientes no fixo e no móvel, mantendo os mais rentáveis, a fim de elevar o ARPU (receita média por usuário). A banda larga fixa por fibra será fundamental, e há previsão para upgrade de acessos hoje em cobre para a nova tecnologia.

A empresa vai explorar também a banda larga fixa por 5G e 4G (FWA) em 1,3 mil localidades onde não tem rede. O valor agregado da banda larga virá ainda de ofertas conjuntas com OTTs, serviços de segurança e casa inteligente, e streaming de jogos eletrônicos.

No B2B, a aposta recai sobre IoT e nuvem. Para tanto, a empresa acredita em parcerias. Recentemente, fechou acordo com Google, Cisco e VMWare para fornecimento de soluções em nuvem, virtualização e segurança. Com isso, espera se transformar nos próximos anos de uma operadoras de telecomunicações em uma empresa “enabler”, que apresente soluções para verticais de negócio e serviços especializados em TICs e IoT.

A previsão é crescer 20% em média por ano até 2022 em receita vinda de serviços em nuvem, 18% em IoT, 10% em cibersegurança e 5% em soluções verticais (como ERP, boleto eletrônico e pagamentos instantâneos).

A companhia manterá o mesmo patamar de Capex (investimentos) em € 2,9 bilhões, mas deve alocar parcela maior em expansão e transformação de rede. A empresa espera ainda reduzir custos com automação e digitalização de processos.

Confira o plano completo aqui.

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Rafael Bucco

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