Indústria já pode certificar produtos para o uso do 5G em várias frequências
As operadoras móveis já podem usar equipamentos certificados pela Anatel como de 5G nas frequências em que hoje oferecem 3G ou 4G. A agência publicou na sexta-feira, 12, os atos 3151, 3152 e 3153 para a certificação e a comercialização de equipamentos e estações de acesso.
“A corrida do 5G já começou”, resumiu ao Tele.Síntese o superintendente de Outorga e Recursos a Prestação da Anatel, Vinicius Caram, com a ressalva de que as operadoras poderão inicialmente operar a novidade nas faixas que já utilizam, sem ter de esperar pelo leilão de espectro 5G, ainda sem data definida.
Para o superintendente da Anatel, é comum que uma nova tecnologia entre em operação usando as faixas atuais em uso. “Isso já aconteceu com o 2G, o 3G, o 4G e o 4.5G. E agora não será diferente. Não será preciso esperar o resultado do edital do leilão para as operadoras passarem a oferecer a nova tecnologia”, explicou.
Caram também assegurou que as regras não fazem restrição a nenhum fornecedor. O governo brasileiro vem sendo pressionado pelos Estados Unidos a restringir a participação da Huawei neste mercado, sob alegação de riscos à segurança. Segundo o executivo, a questão de cibersegurança está sendo tratada em um regulamento próprio, sob análise na agência.
Avaliação da indústria
Em um cenário econômico atingido pela pandemia do novo coronavírus, a novidade foi comemorada pela indústria. “Até o final do terceiro trimestre, a operadora que quiser já pode colocar em operação a tecnologia 5G”, afirmou ao portal o CTO da Nokia, Wilson Cardoso. “Nada impede que uma operadora use 5G em um teste, que faça uma experiência na frequência em que opera o 4G”, acrescentou.
Com a publicação dos três normativos com requisitos técnicos, as indústrias de equipamentos se preparam para apresentar os primeiros pedidos de homologação de equipamentos 5G junto à Anatel.
A partir de agora, as prestadoras poderão implantar redes com a tecnologia 5G utilizando equipamentos que operam nas faixas que elas já utilizam, desde que os produtos atendam aos requisitos publicados pela Anatel.
Algumas vantagens da proposta são: observação das faixas de frequências e condições de convivência com outros serviços aprovados no Brasil, prevenir interferências de equipamentos em outros sistemas, manter um nível mínimo de qualidade e segurança para permitir o desenvolvimento de diversas soluções.
Padrões globais
A respeito dos normativos, a Huawei afirmou as regras de homologação são bem-vindas e beneficiarão no Brasil por conta da adoção de “requisitos técnicos, usando padrões globais como referência e aplicados de forma uniforme a todos os fornecedores do mercado”.
A Ericsson parabenizou a Anatel pela publicação dos atos que atualizam a lista de requisitos técnicos para permitir a homologação de produtos de telecomunicações — em especial as Estações RadioBase multitecnologia e 5G (NR).
“Esse é o resultado de um intenso e detalhado trabalho da SOR [Superintendência de Outorga e Recursos a Prestação], sempre embasado em altíssimo nível técnico e com aprofundado grau de colaboração com todo o setor de telecomunicações, com escopo equilibrado e alinhado aos requisitos já vigentes em outros países”, informou.
Segundo a empresa, as normas adotadas são padrões técnicos internacionais ETSI e 3GPP, com listas de ensaios obrigatórios compatíveis com a realidade, demanda e dinamismo do mercado. “Com essa publicação, a Anatel finaliza com brilhantismo mais uma importante etapa do estabelecimento de um arcabouço regulatório que abre caminho para introdução da tecnologia 5G no país. O próximo passo, para prever integralmente o escopo do Leilão de 5G, deve ser estabelecer os requisitos para rádios na banda de 26GHz (Frequency Range 2), o que também deve seguir as boas práticas internacionais”.
Sem impeditivos
Para Francisco Soares, vice-presidente de Relações Governamentais da Qualcomm para a América Latina, não há nas regras publicadas nenhum impeditivo à participação dos fornecedores. Segundo o executivo, a publicação dos normativos tem pertinência mesmo sendo antes do leilão do 5G.
“Total pertinência, pois os fabricantes precisam começar o processo de certificação antes de trazerem os produtos, e isso leva tempo. Além disso, um terminal 5G funciona também com outras tecnologias existentes e portanto podem ser comercializados mesmo antes da implementação da rede 5G, otimizando os investimentos “, afirmou.