Inclusão na zona rural

A Plug Telecom levou a última milha a quase mil domicílios e conectou gratuitamente órgãos públicos e até igrejas para que os moradores continuassem com suas atividades na pandemia

[infobox title=’Plug Telecom’]2º Lugar

Categoria Operadoras Regionais

Serviço inovador: Conexão Rural na Pandemia[/infobox]

Por Lúcia Berbert

[O Tele.Síntese vai publicar ao longo das próximas semanas as reportagens publicadas no Anuário Tele.Síntese de Inovação 2020, editado no final do ano passado e que pode ser baixado na íntegra e gratuitamente aqui]

A pandemia do novo coronavírus impactou fortemente as redes de telecomunicações, com o uso maior da internet fixa, em função do isolamento social. Esse movimento atingiu pequenas e grandes empresas, que precisaram suportar uma alta de consumo de banda em torno de 40% nos primeiros meses. Com a Plug Telecom, que atende a 10 cidades no Sul de Minas Gerais, não foi diferente.

Como a maioria dos ISPs, a Plug tinha feito o dever de casa e capacitado sua rede de fibra óptica no início do ano para poder atender, sem maiores dificuldades, o aumento da demanda. Mas não parou por aí. Sensibilizada com as dificuldades enfrentadas pelos moradores de cinco distritos da região, onde apenas dois tinham rede precária de celular, a direção do provedor decidiu conectar as cidades, com rede de alta capacidade, mesmo entendendo que dificilmente recuperaria o investimento com a operação comercial. Assim surgiu o serviço “Comunidades Rurais Conectadas com Redes de Ultravelocidade”.

“A rede permitiu que moradores das comunidades que precisavam trabalhar remotamente mantivessem seus empregos”, conta o diretor executivo da Plug Telecom, Breno Vale. Mas não foi só isso, permitiu a realização de aulas on-line e até missas on-line. Isto porque a empresa conectou gratuitamente órgãos públicos, especialmente de saúde e educação, assim como as igrejas. “Isso, sem contar as inúmeras possibilidades que o acesso à internet permitiu as essas pessoas durante a quarentena”, comenta.

Ao todo, a última milha chegou a quase mil domicílios nos distritos de Morro do Ferro, Monsenhor João Alexandre, Rocinha, Corumbá e Bocaina. O backbone construído tem perto de 16 km e a rede FTTH, quase 20 km. A população total dos municípios atendida com a ação de inclusão digital chega a cinco mil habitantes.

Os recursos usados para construir essa rede não reduziram os investimentos da empresa planejados para 2020. Foram aplicados R$ 4,5 milhões, 30% a mais que o previsto na qualificação e extensão da rede, que cobre as 10 cidades do Sul de Minas Gerais, afirma Vale.

Fusão

A Plug Telecom surgiu da fusão da Plugnet e da Mega Simples, há sete anos, em Campo das Vertentes (MG). Hoje tem 400 km de backbone e 300 km de FTTH. O crescimento da empresa se deu também por meio de aquisições. Já foram seis operações menores adicionadas. Todas as operações feitas com investimentos próprios, afirma Vale.
Só recentemente o provedor conseguiu um empréstimo, por meio do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte. “Se tivéssemos acesso constante a crédito faríamos muito mais”, diz o diretor da Plug.
Para 2021, os planos do provedor são de avançar para mais seis cidades no Sul de Minas. Mas há também planos para usar a frequência adquirida no leilão das sobras, em 2015. “Só agora a Anatel homologou nossos lotes”, observa.

A Plug Telecom não aspira comprar frequência do 5G, mas de participar dessa tecnologia ofertando, por exemplo, a última milha ou no atendimento terceirizado a obrigações de cobertura. Também não pensa em entrar no mercado secundário de frequência, que vai ser regulamentado pela Anatel. “É um desafio muito grande”, avalia Vale.

Mas já analisa entrar no mercado móvel por meio de rede virtual. “Algumas empresas, como a Surf, Datora e Americanet já nos procuraram, mas ainda estamos avaliando”, afirma.

O objeto de desejo da empresa é o Wi-Fi 6E, ainda em fase de definição pela agência reguladora, e que pode trazer velocidades de acesso de até 9,6 GHz. “A tecnologia vem para revolucionar o mercado indoor, especialmente para os provedores regionais, com um mundo de oportunidades”, completa Vale.

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