Incentivo em redes privadas e neutras é uma das soluções para acelerar o 5G
O incentivo em redes privadas e neutras é uma das soluções para a aceleração do 5G no país. Esse incentivo seria por meio da criação de programa para a regulamentação e viabilização de novos modelos de negócios. É o que revela o mapeamento do ecossistema de inovação voltado para desenvolvimento de soluções digitais e aplicações da tecnologia 5G no Brasil, realizado pela Secretaria Especial de Produtividade e Competitividade (Sepec), do Ministério da Economia, em parceria com o Pnud e Deloitte, em 2021. A apresentação do estudo foi feita por meio do webinar promovido pela Teletime.
No quesito políticas públicas na parte de desenvolvimento de infraestrutura, o estudo aponta algumas soluções como: utilização de fundos públicos, como o Funttel e Fust, para o investimento em infraestrutura; promoção do avanço regulatório de redes privadas para o acesso de radiofrequência por meio do seu compartilhamento e a exploração sustentável do mobiliário urbano, por meio de novos modelos de negócios (smart poles, redes neutras) em sinergia com smart cities.
No estudo, foram levantadas 96 sugestões de ações e propostas de políticas públicas. Na parte de suporte financeiro e tributário, o estudo defende a renúncia fiscal para aquisição de equipamentos para emulação de redes 5G, pesquisas, testes. “É preciso ter um tratamento diferenciado nesse ponto”, disse Alberto Boaventura, gerente Sênior de Estratégia da Deloitte.
Além do uso dos fundos setoriais para oferecimento de crédito a juros reduzidos, não atrelados à taxa básica de juros; criação de zonas econômicas especiais destinadas a temas foco para a tecnologia 5G e adjacentes, em localidades próximas a centro de excelência de pesquisa; fornecimento de benefícios fiscais para o estabelecimento de operações estratégicas de empresas de tecnologia no Brasil.
As políticas públicas foram classificadas em oito temas: coordenação e aproximação de ecossistema; desenvolvimento de capital humano; desenvolvimento de infraestrutura; empreendedorismo, estímulo à pesquisa, desenvolvimento e inovação de soluções; fortalecimento da cadeia de suprimentos; promoção do setor de tecnologia e telecomunicações; e suporte financeiro e tributário.
Ecossistema incipiente
O avanço de redes desagregadas, ou seja, separação de hardware e software, como o Open RAN, abrirá oportunidade para diversos atores e aumentará a conectividade do ecossistema do 5G. O ecossistema de software 5G brasileiro é incipiente, sobretudo dos desenvolvedores dos componentes de rede 5G, mas existem boas perspectivas no país devido ao potencial de amadurecimento do mercado de desenvolvimento de software de rede e aplicações.
“Apesar de ainda ser incipiente, temos algumas fortalezas como o mercado consumidor, o crescimento do setor de startups”, relembrou Márcia Ogawa, sócia da Diloitte Brasil. Durante a apresentação Ogawa fez algumas projeções otimistas. Segundo, ela os atores influenciadores com maior grau de maturidade podem acelerar o desenvolvimento e amadurecimento dos atores diretos do ecossistema. Após a realização do leilão, “espera-se que o avanço da infraestrutura seja baseado, primeiramente, na utilização de soluções prontas e verticalizadas dos principais fornecedores incumbentes”.
Um plano nacional de aceleração da tecnologia, sugere Ogawa, poderá superar uma série de obstáculos. Dentre eles: a disponibilidade de recursos públicos e privados, a qualidade da mão de obra para tecnologia, a velocidade da implementação de redes 5G comerciais e, até mesmo, a crise global na cadeia de suprimentos.
Demanda por software
A demanda de software no Brasil é de R$ 101 bilhões até 2031. Desses, R$ 10 bi são para software de rede e R$ 91 bi para softwares de aplicações. O levantamento também mostra que a utilização de soluções 5G pode trazer benefícios da ordem de R$ 590 bilhões por ano para os setores da economia.
A partir de entrevistas com diversos atores da cadeia de informática e de telecomunicações, chegou-se à conclusão que a nova geração da banda larga móvel poderia ser uma alavanca para dinamizar o mercado de economia digital como um todo, com foco principal nos setores de software e de startups.
O objetivo do estudo, que foi dividido em cinco etapas, segundo Ogawa, sócia da Deloitte Brasil, é alavancar o ecossistema de software do 5G. “Por meio desse ecossistema, possibilitar com que a indústria absorva esse software, promova o desenvolvimento de startups e possibilite a inserção do Brasil no mercado internacional de softwares”.