Implantação do 5G no Brasil resultou em poucas novas torres

A expectativa é que a implantação das gerações de telefonia móvel posteriores ao 5G sigam a mesma tendência, indica o Instituto Ipê Digital

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Um estudo assinado por Agostinho Linhares, que será o presidente da Radio Regulations Board da UIT em 2025, e Leonardo Euler de Morais, ex-presidente da Anatel, aponta que o reúso de infraestrutura passiva é determinante para a expansão do 5G no Brasil.

A partir de dados levantados de diversas fontes, os especialistas publicaram artigo pelo Instituto Ipê Digital, no qual ressaltam que 87,3% das estações 5G atualmente em uso no país foram implantadas em torres ou sites já existentes (ou muito próximos entre si), que vinham sendo utilizados nas redes móveis de gerações prévias.

Os números se baseiam em estudo da consultoria Teleco. Indicam que somente 12,7% das ERB’s 5G foram implantadas em novas infraestruturas. Desse quantitativo, 69,4% a uma distância de 40 metros a 500 metros de uma infraestrutura já existente, e 30,6% a uma distância superior a 500 metros de infraestrutura pré-existente. E em 64% dos sites existentes há apenas uma operadora.

No entendimento do Instituto Ipê Digital, as próximas gerações móveis seguirão o mesmo padrão de reutilizar infraestrutura pré-existente na maior parte possível do mapa. E o compartilhamento deve crescer. Há uma explicação econômica: existe um limiar financeiro a partir do qual não compensa para a operadora investir sozinha em uma localidade.

O material alerta que a ocupação 5G demonstra que possivelmente este ponto está próximo de ser alcançado. O que significa que, para ampliar a cobertura a novas áreas, será preciso colocar nos próximos editais de espectro compromissos para a expansão da rede a locais pouco ou nada rentáveis para as empresas.

“A cobertura dessas áreas menos atrativas economicamente, se não estiver vinculada com obrigações editalícias ou outras políticas públicas, deverá ocorrer com tecnologia 4G, pelo menos considerando como horizonte os próximos anos (ex. até 2028)”, preveem.

O texto sugere não apenas o compartilhamento de torres, mas também que aconteça o RAN Sharing, algo que pode ser limitado para o 5G no próximo PGMC.

“Nesse cenário de expansão de cobertura, o compartilhamento de infraestrutura será muito importante, pois permite que diferentes operadoras de telecomunicações prestem seu serviço a partir de um único conjunto de estrutura física, eliminando a necessidade de cada operadora construir implantar seus próprios sítios”, apontam.

Mais potência

Linhares e Morais também comentam a necessidade de regras diferenciadas de emissão de acordo com a frequência utilizada em cada estação radiobase, sem quaisquer riscos ou danos à saúde da população.

“Vislumbra-se que as futuras redes 5G/5.5G/6G operando na faixa de 6/7 GHz também se utilize da infraestrutura existente para sua implantação inicial, recomendando-se que seja permitida sua operação com potências superiores às das redes em 3,5 GHz, para facilitar o uso dessas estruturas, melhorar a experiência dos usuários, e reduzir custos das operadoras”, concluem.

O estudo, denominado Implantação do 5G no Brasil, pode ser conferido na íntegra aqui.

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Rafael Bucco

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