IA será primordial para futuras redes móveis, aponta Ericsson

Para o CEO regional da Ericsson, Rodrigo Dienstmann, as próximas gerações de telefonia móvel serão mais complexas e precisarão de recursos automatizados; ele também indica que demanda por 5G segue em alta no Brasil e que D2D será complementar às redes móveis
IA será cada vez mais necessária para o setor móvel, diz Ericsson
Para Ericsson, futuras redes móveis serão cada vez mais dependentes da IA (crédito: Freepik)

Grande destaque do Mobile World Congress (MWC) 2024, o principal evento da indústria móvel em todo o mundo, a Inteligência Artificial (IA) ganhará ainda mais importância para o setor de telecomunicações nas próximas gerações de redes móveis. Segundo o CEO da Ericsson para o Cone Sul da América Latina, Rodrigo Dienstmann, as redes do futuro serão cada vez mais dependentes da IA.

“As futuras redes serão cruciais para casos de uso de IA, mas também só serão viabilizadas com IA, porque será necessário automatizar as operações”, afirmou, em encontro online com jornalistas, nesta sexta-feira, 8.

Na avaliação de Dienstmann, as próximas tecnologias – como o 5.5G e, principalmente, o 6G – serão mais complexas para a operacionalização humano. A União Internacional de Telecomunicações (UIT), braço de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) da Organização das Nações Unidas (ONU), já apresentou manifestação similar sobre o uso da IA no setor de banda larga móvel.

“As redes devem deixar de ser implantadas e gerenciadas por humanos. Hoje, elas são. Mas a IA passará a ser primordial para a eficiência das gerações móveis do futuro”, reforçou o executivo – que também comentou sobre o uso da frequência de 700 MHz pelas entrantes do 5G em caráter secundário.

Casos de uso

Na mesa-redonda, Andréa Faustino, vice-presidente de Cloud Services & Solution da Ericsson para o Cone Sul da América Latina, indicou que, nesta primeira fase da IA, a empresa vê potencial para aplicação da tecnologia em soluções de eficiência de banda e de transferência de dados (throughput).

Além disso, as operadoras podem usar a ferramenta computacional para automatizar processos de emissão de cobrança e aumentar a eficiência energética. “Em breve, a tecnologia vai chegar a todas as camadas da operação”, sinalizou Andréa.

D2D

Dienstmann também comentou sobre outra tecnologia emergente, o D2D – ou direct to device, a conexão direta entre satélites e smartphones, que no dia anterior ganhou aprovação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para testes em ambientes com regras flexíveis.

De acordo com ele, a expansão da conectividade satelital deve gerar alguma concorrência para fornecedores de equipamentos de redes móveis, mas acredita que os setores atuarão de forma complementar.

“Na nossa visão, o assinante de rede terrestre é quem vai querer ter a interoperabilidade. [A rede via satélite] é uma rede de último caso. Se tiver uma rede terrestre, é ineficiente usar a satelital”, resumiu.

Demanda por 5G no Brasil

No encontro com a imprensa, o executivo ainda destacou que “o mercado global de infraestrutura está mostrando tendência de estabilidade e até um pouco de decréscimo” – no ano passado, por exemplo, as vendas da Ericsson caíram significativamente na América do Norte.

No entanto, indicou que o Brasil segue tendência positiva. “No Brasil, estamos em um momento de crescimento. O formato de troca de espectro por operações [previsto no edital do 5G] vai deixar a demanda aquecida – e as operadoras perceberam que é muito mais eficiente investir no 5G”, pontuou.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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