Hispasat escolhe fabricante de satélite que ocupará posição orbital prevista em leilão da Anatel

Thales Alenia Space vai construir o novo Amazonas Nexus para a Hispasat. Operadora afirma que ele ocupará a posição 61º Oeste, listada na minuta do próximo leilão de posições orbitais da Anatel - o que motivou críticas da empresa.

A operadora espanhola Hispasat anunciou hoje, 10, a contratação da fabricante francesa Thales Alenia Space para manufatura do satélite Amazonas Nexus. Valores não foram revelados. O equipamento será colocado no espaço no segundo semestre de 2022, na posição orbital brasileira de 61º Oeste, em substituição ao Amazonas 2 (ilustrado acima).

A localização é uma das previstas na minuta de edital de novo leilão de posições orbitais da Anatel. A inclusão da posição no texto, que esteve em consulta pública até o final de 2019, mereceu críticas da Hispamar, subsidiária brasileira da Hispasat.

Segundo a empresa, o edital proposto é ilegal sob a ótica da nova Lei Geral de Telecomunicações, que prevê a renovação sucessiva do direito de uso de posições orbitais. A tele já ocupa a 61º Oeste com três satélites: além do Amazonas 2, posiciona ali também o Amazonas 3 e o Amazonas 5. A outorga atual é prevista para se encerrar em 2025.

A Anatel ainda não bateu o martelo sobre o formato do certame – portanto ainda não é possível afirmar se a posição será licitada ou se a companhia terá direito à renovação sucessiva. O edital ainda pode ser mexido, incluindo as considerações recebidas na consulta pública, e aprovado pelo conselho diretor da agência.

O anúncio de hoje deixa claro, porém, que a empresa conta com a renovação automática da licença, sem risco de lidar com os ágios de uma disputa licitatória. A Hispasat tem uma frota global de 10 satélites, dos quais seis operam no Brasil ou cobrem partes do país.

O Amazonas Nexus

A assinatura do contrato de construção entre a Hispasat e a Thales aconteceu hoje, 10, na capital espanhola, Madri. O novo satélite é classificado como de alto rendimento (high throughput, ou HTS). Com mais capacidade, ampliará a cobertura e a atuação da companhia nos mercados de mobilidade, transporte aéreo e marítimo, diz.

Outros focos de atuação serão a conectividade remota e o backbone para redes celulares. Os atuais clientes que usam a capacidade do Amazonas 2 serão migrados para o novo equipamento, quando estiver operacional.

A Thales Alenia será responsável pelo desenho, a produção, os testes em solo e em órbita antes do início do funcionamento comercial.

O Nexus terá um “processador digital transparente” (DTP, na sigla em inglês) que reorienta geograficamente a capacidade do artefato conforme a necessidade comercial da empresa. O processador age em tempo real, articulando a capacidade de transmissão de dados a todo instante entre os diferente pontos na terra.

A Hispasat afirma que o Nexus será o mais eficiente dos satélites já lançados pela companhia. Será capaz de cobrir todo o continente Americano, as áreas de maior tráfego aéreo e marítimo do Oceano Atlântico e a Groenlândia. O satélite usará tanto a banda Ka, quanto a banda Ku.

O Nexus será construído com base na plataforma Spacebus NEO da Thales Alenia Space. Terá propulsão totalmente elétrica, vida útil estimada de 15 anos, 20 kW de potência, e massa de 4,5 toneladas.

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Rafael Bucco

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