Grupo TIM fecha venda da rede fixa na Itália por 19 bilhões de euros
Após meses de negociações, o Grupo TIM (antiga Telecom Italia) anunciou, no domingo, 5, que aceitou a proposta do fundo norte-americano KKR por sua infraestrutura de rede fixa na Itália. A oferta aprovada é de 18,8 bilhões de euros (aproximadamente R$ 100 bilhões).
Analisada pelo conselho de administração entre 3 e 5 de novembro, a proposta vinculante recebeu 11 votos favoráveis e três contrários à venda. O Grupo TIM, controlador da TIM Brasil, informou que a decisão não será levada à apreciação dos acionistas, o que desagradou a Vivendi, maior investidora da tele – saiba mais abaixo.
Segundo o Grupo TIM, a oferta da KKR pode subir para 22 bilhões de euros (R$ 116 bilhões) caso algumas condições sejam alcançadas até o fechamento do negócio, previsto para o verão de 2024 no hemisfério norte (inverno, de junho a setembro, no Brasil), como o nível de capital de giro, o custo registrado nos últimos 12 meses dos funcionários transferidos, o caixa disponível e a dívida transferida, além do cumprimento de determinadas metas de ampliação da rede de fibra óptica.
Em comunicado, a operadora destacou que, com a venda da NetCo, como a infraestrutura fixa é chamada, espera reduzir a sua dívida financeira em cerca de 14 bilhões de euros – segundo o balanço trimestral mais recente, a dívida líquida da companhia passa de 26 bilhões de euros. Além disso, a relação dívida líquida/EBITDA deve ficar abaixo de 2x.
Vale destacar que o negócio fechado diz respeito apenas à infraestrutura terrestre do Grupo TIM, incluindo a rede de fibra da unidade FiberCop.
A KKR também apresentou uma proposta não vinculante pela Sparkle, unidade de cabos submarinos também à venda, mas o conselho a considerou insatisfatória. No entanto, estendeu o prazo até 5 de dezembro para que uma proposta vinculante mais atrativa pelo ativo seja apresentada.
“Graças à transação, a TIM, além de reduzir dívidas e liberar recursos, terá a oportunidade de atuar no mercado interno beneficiando-se da redução de uma série de restrições regulatórias e também contribuirá para manter a flexibilidade estratégica prevista no plano de simplificação operacional”, diz a operadora, em nota.
O acordo entre a tele e o fundo de investimento também prevê que as partes, na data de fechamento da transação, assinem um contrato que estipule os serviços que a NetCo fornecerá ao Grupo TIM, e vice-versa. O negócio ainda precisa ser aprovado pelas autoridades antitruste. Após a conclusão, a rede fixa deve ser operada pela Optics BidCo, empresa sob controle da KKR.
Na negociação, a TIM contou com assessoria financeira de Goldman Sachs, Mediobanca e Vitale & Co, além da consultoria jurídica do escritório Gatti Pavesi Bianchi Ludovici. Os conselheiros independentes foram assessorados por Equita, Lion Tree e Studio Carbonetti.
Controvérsia
Ainda no domingo, o conglomerado de mídia francês Vivendi, que detém 24% das ações do Grupo TIM, emitiu um comunicado desaprovando a venda da rede fixa à KKR. A empresa acionista disse que considera a transação “ilegal” e que “utilizará todos os meios legais à sua disposição para contestar essa decisão”.
“A Vivendi lamenta profundamente que o Conselho de Administração da TIM tenha aceitado a oferta da KKR de compra da rede da TIM sem primeiro informar e solicitar o voto dos seus acionistas, infringindo, assim, as regras de governança aplicáveis”, salientou.
Venda de TIM Brasil
No comunicado em que divulgou o acerto com a KKR, o Grupo TIM ressaltou que não tem interesse em vender a TIM Brasil. A opção havia sido ventilada pelas empresas Merlyn Partners e RN Capital Partners, acionistas minoritários da operadora italiana, como forma de manter a rede fixa no mercado doméstico.
O Grupo TIM informou que levou a notificação com a proposta ao conselho de administração, que a considerou “não alinhada” com os planos da holding de telecomunicações.
Contrato assinado
O Grupo TIM informou, nesta segunda-feira, 6, que assinou o contrato com a Optics BidCo, seguindo a deliberação do conselho de administração.
Além disso, a empresa sinalizou que não rebaterá publicamente os questionamentos dos acionistas. “No que diz respeito a informações e declarações que circularam nos últimos dias e à sua veracidade, a Companhia não considera oportuno comentar à imprensa, reservando-se o direito de fazê-lo nos locais apropriados”, indica a tele, em nota.
Matéria atualizada em 6 de novembro, às 19h28