Governo e operadoras do Japão mostram avanços do OpenRan à Anatel
O conselheiro da Anatel, Artur Coimbra, encontrou-se com representantes de governo, fabricantes e operadoras do Japão na semana passada para falar de OpenRAN. Ele foi à terra do Sol nascente para participar do Internet Governance Forum e para a reunião bilateral com o regulador local, que no caso é o próprio ministério japonês das Comunicações, com NEC, Rakuten e NTT Docomo.
As reuniões tiveram o intuito de apresentar avanços do Japão no desenvolvimento de tecnologias OpenRan, as redes móveis desagregadas. O país tem a maior rede do tipo no planeta, pertencente à Rakuten, nas tecnologias 4G e 5G. A principal operadora do país, a NTT Docomo, acelerou a migração para o modelo este ano, após desenvolver tecnologia e processos próprios para substituição da rede legada.
“O governo japonês vem estudando a fundo o potencial do OpenRAN. Nas visitas, ficou claro que o OpenRan é mais barato do que uma solução fechada, e que a capacidade de transmissão no 5G já está comparável, aingindo 1,3 Gbps”, conta Coimbra ao Tele.Síntese. Em agosto, a agência firmou acordo de cooperação com os japoneses para desenvolvimento do OpenRAN.
Segundo ele, os japoneses reconhecem que a tecnologia ainda tem dois gargalos: consumo energético, ainda superior ao das soluções proprietárias, e espaço físico ocupado. “Eles afirmam que ano que vem, ou em dois anos no máximos, essas questões estarão equiparadas”, acrescenta.
Coimbra observou também a estratégia criada pelo governo do Japão para tornar o país exportador de tecnologia OpenRAN. “O governo local oferece incentivos fiscais para quem adotar o modelo, e como referência, sugerem que outros países adotem a criação de mecanismos de crédito fiscal ou depreciação acelerada dos equipamentos”, conta o conselheiro.
Os japoneses também se estruturam para tornar Rakuten, NTT e NEC em integradoras globais do modelo OpenRAN, levando tecnologia própria e de terceiros, projetos e métodos de trabalho para substituição de redes legadas de teles mundo afora. Vale lembrar que, embora no 5G o OpenRAN não esteja massificado no mundo, no 6G já há estudos em defesa do modelo como pedra fundamental.
Redes privativas
Coimbra também foi apresentado a estudo sobre redes privativas móveis no mercado japonês. O estudo, conduzido pelo governo com 69 empresas de diferentes portes tirou conclusões sobre a viabilidade da adoção do modelo em larga escala.
“Foram 69 projetos financiados com dinheiro público a fim de compreender a viabilidade das redes privativas. Abarcou empresas na agricultura, portos, aeroportos, fábricas, sistemas de prevenção de desastre, área de saúde, de tudo. E a percepção obtida foi que projetos menores não se sustentam pois requerem alto custo de investimento. O negócio precisa de escala para o investimento se sustentar. Na maioria dos casos observados, concluiu-se que seria melhor usar a rede comercial”, relata.