Gebara: operadoras que atuam em todo o Brasil não podem ser prejudicadas no leilão da 5G

O CEO da Vivo, Christian Gebara, prefere que o leilão tenha regras bem definidas, que não desfavoreça os investimentos das grandes operadoras, que os objetivos de cobertura sejam realistas com as necessidades do país, e que os lotes de espectro sejam favoráveis para a digitalização.

Futurecom – O CEO da Telefônica Vivo, Christian Gebara, disse hoje, 29, que a 5G e a digitalização dos serviços irão demandar um volume maior de investimentos por parte das operadoras de telecomunicações e que a empresa que dirige já está comprometida com essa mudança. Assinalou que deve haver um ambiente propício para estimular o ingresso desses novos recursos, a começar pelo modelo do leilão da 5G. 

” O Importante é  que seja um  leilão sem viés arrecadatório.  A necessidade de cobertura e expansão da tecnologia vai exigir que as empresas tenham capital para realizar os investimentos. Se o capital for reduzido por compra de frequência, teremos um problema para a digitalização do país.  E nós, as empresas líderes, somos as que realmente  vamos conseguir construir essa cobertura nacional. O leilão não pode desfavorecer as empresas com capacidade de compra nacional”, afirmou.

O executivo, a princípio, não vê problemas na regionalização da venda de frequências, conforme propôs o conselheiro da Anatel, Vicente Aquino, mas entende que as operadoras que têm capacidade de construir a rede em todo o território nacional também vão precisar de quantidade de espectro proporcional às características de cada frequência.

” Na faixa de 700 MHz, onde a Vivo já tem 10 MHz, se a Anatel vender 5 MHz, pode ser interessante. Na faixa de 2,3 GHz, que também é para a 4G, se pensarmos no futuro, o ideal seria 40 a 50 MHz por empresa. Mas na faixa de 3,5 GH, a da 5G, no mínimo 80 MHz serão necessários”, explicou o executivo.

Investimentos

O executivo assinalou que a Vivo irá investir este ano R$ 9 bilhões, e que, embora o Brasil tenha uma grande vocação para avançar na sociedade digital, enfrenta carências  muito grandes. “Apenas 15% dos prontuários médicos são digitais, ou só 6% das compras são realizadas pela internet”, assinalou.

Se a demanda da sociedade é enorme, Gebara lembra que as operadoras do setor continuam a enfrentar realidades econômicas pouco favoráveis. ” O retorno sobre os investimentos está abaixo do custo de capital”, reforçou. Ele demonstrou também que a receita líquida do setor está com desempenho pior ao dos índices inflacionários.

Novo cenário

Para acelerar os investimentos necessários, o executivo sugere que sejam ainda retiradas outras amarras regulatórias e legais. Para ele, a aprovação do novo marco legal foi um passo importante, mas é preciso destravar a instalação das antenas, promover uma simplificação tributária, e reduzir as multas da Anatel. ” A Anatel aplicou mais de 60 mil multas, que somam mais de 7 bilhões de reais”, reclamou.

 

 

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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