Gabinete do ódio mira software espião DarkMatter para eleições

Núcleo responsável pelo assessoramento paralelo prol governo quer adquirir a ferramenta para ações da campanha eleitoral deste ano, denuncia reportagem do Uol.
Gabinete do ódio quer adquirir software espião DarkMatter
Crédito: Freepik

Um dos membros do grupo que compõe o denominado “gabinete do ódio“, núcleo responsável pelo assessoramento paralelo e mobilização de ações prol governo, embarcou em uma viagem oficial de Jair Bolsonaro, em novembro de 2021, aos Emirados Árabes para adquirir um programa espião: o DarkMatter, que estava exposto na feira aeroespacial Dubai AirShow. Segundo reportagem dos jornalistas Jamil Chade e Lucas Valença, do portal UOL, o especialista é ligado ao vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do presidente, e teria negociado a compra da ferramenta para ações durante campanha eleitoral deste ano.

As negociações, segundo a matéria, foram feitas por um perito em inteligência e contrainteligência do governo federal. O especialista, que não teve o nome revelado, tratou diretamente com os israelenses em uma sala privativa cedida pelo governo de Israel.

Não é a primeira vez que o governo tenta obter esse tipo de ferramenta. No início de 2021, o portal UOL revelou que houve negociações entre membros do gabinete de segurança institucional (GSI) e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para adquirir software de espionagem. Fontes ligadas aos dois órgãos afirmaram que o “gabinete do ódio” mantém conversas com a Polus Tech, dona da ferramenta Pegasus, bastante reconhecida por seu potencial espião.

Pedido de explicações

O deputado federal Ivan Valente do (Psol) pediu informações ao governo para saber mais sobre a tentativa do “gabinete do ódio” de adquirir a ferramenta DarkMatter. Nos pedidos enviados ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, ao GSI, ao comando do Exército, além da Presidência da República, Valente quer averiguar sobre as “reuniões” realizadas por funcionários do governo com representantes das empresas DarkMatter, Polus Tech e NOS Group.

“Solicito, ainda, os registros de entrada e saída de representantes das referidas empresas nas dependências destes órgãos, desde janeiro de 2019”, diz o pedido. O parlamentar também pede às instituições a relação das pessoas que integraram as comitivas presidenciais e de funcionários públicos que estiveram em Dubai durante o ano de 2021.

Espionagem israelense

O DarkMatter é um programa criado por um grupo de hackers de elite vinculados ao exército de Israel. A empresa, que tem o mesmo nome do software, foi fundada em 2015 e tem sede em Abu Dhabi. Oficialmente, ela se diz restrita à ciberdefesa, mas informações da agência Reuters mostram que, anos atrás, a DarkMatter forneceu serviços de hackeamento para a inteligência do país contra alvos no Ocidente, jornalistas e ativistas de direitos humanos. A companhia emprega, em sua maioria, desenvolvedores de Israel — boa parte egressa da Unidade 8200, força de hackers de elite vinculada ao exército israelense.

Dentre as técnicas oferecidas pelo software espião, está a “infecção tática”. A ferramenta espiã conta com sistema que tem capacidade para invadir computadores e celulares, inclusive quando os aparelhos estão desligados.

Ainda segundo o UOL, o grupo ligado ao Planalto trabalha em outra dianteira para adquirir um software espião da empresa suíça Polus Tech. O CEO da empresa, Niv Karmi, é um dos fundadores do grupo NSO, arquiteto  do traiçoeiro malware Pegasus. As negociações com ambas as empresas ainda não foram finalizadas, de acordo com informações do site.

Com informações do UOL

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Da Redação

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