Facebook derruba rede de perfis ligados a funcionários da família Bolsonaro

Perfis apresentavam comportamento inautêntico e quebraram regras do serviço ao espalhar discurso de ódio. Contas eram ligadas a funcionários dos gabinetes do presidente, de Carlos e Eduardo Bolsonaro, e de políticos do PSL.

O Facebook anunciou hoje, 8, que fez uma grande ação contra contas que propagam boatos e desinformação ou têm comportamento inautêntico em suas redes. A operação abrangeu cinco países, inclusive o Brasil. Aqui, foram desativados perfis ligados a políticos do PSL (Anderson Moraes, Alana Passos), partido pelo qual o presidente Jair Bolsonaro se elegeu. Também foram removidas contas ligadas a funcionários lotados nos gabinetes de Carlos, Eduardo e do próprio presidente Bolsonaro.

Ao todo, foram excluídas 35 contas, 14 páginas e um grupo no Facebook, além de 38 contas no Instagram. Todas as contas apresentaram “comportamento inautêntico coordenado”, como afirma a empresa.

“Identificamos vários grupos com atividade conectada que utilizavam uma combinação de contas duplicadas e contas falsas – algumas das quais tinham sido detectadas e removidas por nossos sistemas automatizados – para evitar a aplicação de nossas políticas”, explica Nathaniel Gleicher, diretor de Cibersegurança, em comunicado no qual anuncia a derrubada da rede.

Exemplos de publicações espalhadas pela rede de perfis inautênticos derrubada nesta quarta-feira, 8, pelo Facebook

Segundo o executivo, a atividade desse grupo incluía a criação de pessoas fictícias fingindo ser repórteres; publicação de conteúdo; e gerenciamento de Páginas fingindo ser veículos de notícias. Os conteúdos publicados eram sobre notícias e eventos locais, incluindo política e eleições, memes políticos, críticas à oposição política, organizações de mídia e jornalistas, e mais recentemente sobre a pandemia do coronavírus. Alguns conteúdos publicados por essa rede já tinham sido removidos por violação dos Padrões da Comunidade, incluindo discurso de ódio.

A rede social identificou a atividade suspeita das páginas a partir de investigações sobre comportamento inautêntico coordenado no Brasil a partir de notícias na imprensa e referências durante audiência no Congresso brasileiro.

“Ainda que as pessoas por trás dessa atividade tentassem ocultar suas identidades e coordenação, nossa investigação encontrou ligações a pessoas associadas ao Partido Social Liberal (PSL) e a alguns dos funcionários nos gabinetes de Anderson Moraes, Alana Passos, Eduardo Bolsonaro, Flávio Bolsonaro e Jair Bolsonaro

Os números dessa rede desbaratinada impressionam. Cerca de 883.000 contas seguiam uma ou mais dessas Páginas no Facebook, cerca de 350 pessoas se juntaram ao Grupo, e cerca de 917.000 pessoas seguiam uma ou mais das contas no Instagram. O grupo chegou a investir em alcance, gastando US$ 1,5 mil com anúncios no Facebook, pago em reais.

No mundo

A limpeza de contas inautênticas hoje não foi exclusividade brasileira. A rede social também desligou contas no Canadá, Equador, Ucrânia e Estados Unidos. Em cada um dos casos, as pessoas por trás da atividade coordenaram entre si e utilizaram contas falsas como parte central de suas operações para se ocultar, alega o Facebook. A rede social diz que a maioria das remoções se deveu ao comportamento, e não ao conteúdo publicado.

A maioria dessas redes que removemos hoje mirava audiências domésticas em seus próprios países e estava ligada a entidades comerciais e pessoas associadas a campanhas políticas ou gabinetes de políticos com mandato, como no caso brasileiro.

“Temos descoberto e agido contra figuras políticas por comportamento inautêntico coordenado, e sabemos que elas continuarão tentando ocultar a origem de sua atividade. Campanhas domésticas como essas são particularmente desafiadoras ao ofuscar a linha entre o debate público saudável e a manipulação”, diz Gleicher.

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Rafael Bucco

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