Expansão do IoT no Brasil: desafios e oportunidades para startups
Startups brasileiras têm se destacado pela inovação no uso de IoT (Internet das Coisas), mas o caminho até a adoção em larga escala ainda apresenta desafios significativos. Segundo um mapeamento da consultoria de inovação Liga Ventures, atualmente 412 startups aplicam IoT em suas soluções, sendo 78% delas focadas no modelo B2B. Apesar de um cenário promissor, a infraestrutura, a regulamentação e a conectividade são barreiras que precisam ser superadas para o avanço dessa tecnologia no país.
De acordo com Telmo Teramoto, Sócio e Executivo de Contas de Inovação da Liga Ventures, o IoT está presente em diversos setores da economia brasileira, com destaque para o agronegócio (31%), produção (19%), energia (15%), saúde (14%) e indústria (14%). No agronegócio, por exemplo, a tecnologia tem sido aplicada no monitoramento de cultivos e na irrigação inteligente. Já na produção, as startups utilizam IoT para o monitoramento de ativos e inventários. No setor de saúde, o IoT é utilizado para gerenciar dispositivos médicos, pacientes e medicamentos, enquanto, na indústria, o foco é em manutenção preventiva e monitoramento remoto de equipamentos.
“Estamos bem posicionados com um ecossistema maduro de startups”, afirma Teramoto, ressaltando que o Brasil conta com uma base sólida para o desenvolvimento de soluções IoT, embora ainda existam desafios significativos em infraestrutura e regulamentação.
Desafios para a expansão
Carlos Mira, CEO da Frotas Conectadas, destaca que, embora o setor de logística e transporte seja um dos pioneiros na adoção de tecnologia IoT, especialmente no rastreamento de veículos via satélite, ainda há muito a ser explorado. “O Brasil foi um dos primeiros países a usar essa tecnologia, mas ainda enfrentamos desafios em áreas como a gestão de manutenção preditiva e o monitoramento de produtos sensíveis,” comenta Mira.
Entre os principais desafios para as startups de IoT, Mira aponta a falta de conectividade em regiões remotas e os altos custos de infraestrutura. “Uma startup sozinha não consegue cobrir a amplitude necessária para o uso de IoT. Parcerias com grandes empresas são fundamentais para explorar redes privativas que garantem segurança e controle de dados”, explica o executivo.
Telmo Teramoto acrescenta que o aporte em startups IoT tem enfrentado oscilações. Após um pico de US$ 1,4 bilhão em 2021, os investimentos caíram para US$ 200 milhões em 2022, com uma recuperação parcial em 2023, alcançando pouco mais de US$ 400 milhões. “O mercado está se ajustando, com os investidores buscando modelos mais sustentáveis e focados em lucro, não apenas em crescimento,” avalia Teramoto.
Futuro das startups
Apesar das dificuldades, o cenário é promissor. Anderson Medeiros, CEO da Tradenergy, acredita que o Brasil tem grande potencial para se tornar um polo de inovação em energia renovável e IoT. Ele afirma que o principal desafio para o setor não é o custo de investimento, mas as barreiras regulatórias que limitam o desenvolvimento tecnológico. “Estamos trabalhando para simplificar a transição energética para consumidores comuns e pequenas empresas, sempre focando em soluções que reduzam custos e tragam benefícios ambientais,” explica Medeiros.
Eduardo Nascimento, fundador da Minha Coleta, compartilha dessa visão e destaca a importância da inovação contínua. “No mercado de resíduos, o IoT tem sido fundamental para criar soluções estruturais de gestão, especialmente em municípios que buscam eficiência no gerenciamento de resíduos,” diz Nascimento.