Exército não abre mão de seu pedaço na faixa de 4,9 GHz
Enquanto as operadoras Claro, TIM e Vivo defendem em uníssono a destinação de toda a faixa de 4.9 GHz para o 5G, o Exército diz que precisa ficar onde está ou terá serviços importantes de telecomunicações afetados.
A Anatel colocou em consulta este ano uma proposta de nova destinação da faixa de 4.9 GHz. Ali, sugere que os 80 MHz da faixa atualmente utilizadas por forças de segurança e defesa civil (PPDR) sejam reduzidos a 30 MHz. Dessa forma, seriam destinados às redes celulares 160 MHz na frequência.
As operadoras (como pode ser lido aqui, aqui e aqui) querem que o PPDR seja completamente removido, ficando então com 190 MHz. Mas, conforme o Exército, ter acesso a menos de 50 MHz na faixa de 4.9 GHz, como proposto pela Anatel, é impensável.
Para o Estado-Mario do Exército, a faixa entre 4.940 a 4.990 MHz deve ser garantida para o Estado Brasileiro. Diz que 50 MHz da faixa são o mínimo necessários para preservar serviços ligados à Defesa Nacional, “em especial na Faixa de Fronteira”.
Explica, em sua contribuição à Consulta Pública 23/22 da Anatel, que a faixa de 4.940 MHz a 4.990 MHz é utilizada tanto pelo Sistema de Comunicações Críticas do Exército como no MTO (Módulo de Telemática Operacional).
Através do MTO o Exército realiza comunicação de dados, voz e imagens. A frequência é usada por rádios que acessam também a rede pública celular; para transmitir vídeos a dezenas de quilômetros; disponibilizar internet a até 100 km de distância das bases de operações; utilizar tecnologia VoIP; e integrar-se a qualquer cenário remoto através de sistemas de comunicação via satélite.
Outro serviço citado é o Sistema de Radiocomunicação Digital Troncalizado (SRDT), um dos principais serviços de telecomunicações operacionais que apoia ações de defesa em grandes eventos. Foi acionado, por exemplo, nos Jogos Olímpicos Rio 2016, e é utilizado em todas as eleições nas operações de segurança de votação e apuração.
“Atualmente, [o SRDT] conecta todos os estados brasileiros por meio de um Mastersite M3, com redundância geográfica, permitindo a comunicação direta entre os participantes dos Grupos de conversação em qualquer ponto do país coberto pelo sistema”, diz.
Para o órgão, reduzir abaixo de 50 MHz a faixa do PPDR em 4,9 GHz coloca em risco até mesmo a soberania nacional. “A limitação de largura de banda a somente 30 MHz comprometerá sensivelmente a eficácia do Comando e Controle destas tropas [em locais remotos], podendo gerar efeitos danosos à operacionalidade do Exército Brasileiro em operações militares”, acrescenta.