Europa precisa acelerar investimentos em 5G SA, alerta entidade

Continente conta com apenas dez redes de "5G puro"; associação de operadoras avalia que região necessidade de mais investimentos para completar cobertura de quinta geração até o fim da década
ETNO pede mais investimentos em 5G SA na Europa
Na corrida do “5G puro”, Europa está ficando para trás (crédito: Freepik)

Em relatório anual sobre o mercado de telecomunicações, a ETNO, associação das operadoras europeias, conclama o setor a aumentar os investimentos no continente, destacando que a região está ficando para trás no que diz respeito, principalmente, a redes de 5G standalone (SA) – tecnologia também chamada de “5G puro”.

O estudo “State of Digital Communications 2024” (Estado das Comunicações Digitais, em tradução livre), produzido pela consultoria Analysys Mason, aponta que, até agosto do ano passado, das 114 redes de quinta geração na Europa, apenas dez eram SA.

O número é inferior ao da Ásia, que conta com 17 redes 5G SA, mas superior ao da América do Norte, com quatro – no entanto, vale lembrar que a região é composta por apenas três países (México, Estados Unidos e Canadá).

O relatório indica que a cobertura 5G chegou a 80% do território da Europa em 2023, avançando sete pontos percentuais em relação a 2022 (73%). No entanto, o continente ainda está atrás de países como Coreia do Sul (98%), Estados Unidos (98%), Japão (94%) e China (89%).

Nesse sentido, a associação avalia que a União Europeia (UE) terá de aumentar os investimentos em infraestruturas de telecomunicações para alcançar a meta de cobertura total de 5G e de banda larga de gigabits até o fim desta década – em um relatório publicado ano passado, a ETNO indicou que seria preciso aportar mais do que 200 bilhões de euros no setor.

No que diz respeito às redes fixas, o estudo mostra que a cobertura de FTTH (fibra até a casa, na sigla em inglês) avançou de 55,6%, em 2022, para 63,4%, em 2023, em toda a Europa. No total, as redes com capacidade de gigabit atingiram 79,5% do território europeu. Todavia, o continente também fica atrás de Coreia do Sul (97%), Estados Unidos (89,6%) e Japão (81,4%) neste indicador.

Na avaliação da Analysys Mason, até o fim da década, cerca de 40 milhões de europeus não terão acesso a uma rede fixa com capacidade de gigabit.

Investimento e receitas

Conforme o estudo, o investimento do setor de telecomunicações europeu atingiu o valor recorde de 59,1 bilhões de euros em 2022. Ainda assim, o capex per capita ficou em 109,1 euros, inferior ao registrado na Coreia do Sul (113,5 euros) e nos Estados Unidos (240,3 euros).

As notícias também não são as melhores no que diz respeito às receitas. O levantamento aponta que a receita média por usuário (ARPU, na sigla em inglês) do serviço móvel foi de 15 euros na Europa em 2022, contra 42,5 euros nos Estados Unidos, 26,5 euros na Coreia do Sul e 25,9 euros no Japão. Na banda larga fixa, o Velho Continente (22,8 euros) supera a média da Coreia do Sul (13,1 euros), mas fica atrás do Japão (24,4 euros) e bem atrás dos Estados Unidos (58,6 euros).

Com isso, o relatório mostra que o Retorno Sobre o Capital Empregado (ROCE, na sigla em inglês) das operadoras associadas à ETNO caiu de 9,1%, em 2017, para 5,8%, em 2022. Em outras palavras, as empresas de telecomunicações europeias têm tido mais dificuldades para gerar retornos adequados sobre os investimentos.

“Os usuários esperam novas redes, e a competitividade da Europa depende de uma conectividade inovadora”, diz Lise Fuhr, diretora geral da ETNO, em nota. “É por isso que devemos tomar medidas políticas urgentes para ajudar a fortalecer o setor de telecomunicações europeu”, complementa.

Open RAN e TI

O relatório ainda mostra que, até o ano passado, a Europa contava com 11 testes e desenvolvimentos de projetos de Open RAN, superando a América do Norte, com oito, mas perdendo para a Ásia, com 19.

Além disso, apesar de ainda não dispor de números consolidados, a expectativa é de que as operadoras europeias tenham gastado mais em nuvem e TI (US$ 35 bilhões) do que em serviços próprios (US$ 33 bilhões) em 2023, revertendo uma tendência histórica.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

Artigos: 1137