Europa defende acordo em segurança para evitar restrição de fornecedores na 5G

Representante da Comissão Europeia diz que marco regulatório em cibersegurança deve ser negociado entre Europa, Estados Unidos e Brasil

Os europeus acreditam que o Brasil, e até os Estados Unidos, podem dispensar políticas restritivas na 5G com a adoção de um marco regulatório de segurança de dados. Em palestra no Painel Telebrasil, Khalil Rouhana, vice-diretor geral para redes, conteúdos e tecnologias de comunicação da Comissão Europeia, afirmou que um alinhamento neste quesito evitará prejuízos aos países, ao mesmo tempo que vai assegurar a confiabilidade ao trânsito das informações dos cidadãos.

“Temos que assegurar que o 5G é implantado sem colocar em risco nossa segurança, garantindo a privacidade dos brasileiros, da infraestrutura. E também a segurança dos nossos cidadãos. Na Europa, a 5G está trazendo estes medos à tona. Temos que garantir para todos que a tecnologia é segura”, falou.

Segundo ele, um acordo entre os países pode ser o aceno definitivo. “Temos que trabalhar juntos com os EUA e criar um framework de segurança para a 5G juntamente com as agências de cibersegurança da Europa. Isso vai ajuda a gente a mitigar problemas de segurança, a diminuir os riscos que vem do 5G de um jeito coordenado”, falou.

Tal alinhamento, acrescentou, pode tornar desnecessárias medidas com as tomadas pelos Estados Unidos, que baniram do mercado local Huawei e ZTE sob acusações de que estas empresas se prestam a espionagem por parte da China – acusações estas, vale ressaltar, nunca comprovadas.

“Recomendamos medidas de segurança para todo mundo. Algumas medidas tem a ver com compliance, não tem a ver com restrições de infraestrutura 5G e conectividade”, sublinhou.

Cabo submarino

Rouhana lembrou que o cabo submarino que liga o Brasil à Espanha está quase pronto e deve ser ativado em “poucos meses”. O Ellalink é um cabo que inaugura a rota direta de dados entre a América do Sul e a Europa. Será usado por redes de pesquisa e troca de informações acadêmicas. A estrutura custou € 150 milhões para ser construído, todo custeado apenas pela a inciativa privada, afirmou.

O cabo teria participação da Telebras, mas a estatal deixou o projeto por falta de recursos. No Brasil, o Ellalink usará landing stations da Telxius, empresa do grupo Telefónica.

Por fim, o executivo lembrou que a Comissão Europeia liberou €  20 bilhões para a recuperação da economia no pós-covid. Esse dinheiro irá para o desenvolvimento de novas tecnologias e transformação digital da sociedade.

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Rafael Bucco

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