EUA dão 90 dias para operadoras se adaptarem ao banimento da Huawei
O Departamento de Comércio dos Estados Unidos emitiu ontem, no final do dia, uma licença temporária para que a Huawei consiga comprar produtos de empresas americanas pelos próximos 90 dias. O objetivo da licença, diz o departamento, é dar um respiro às operadoras locais ou estrangeiras que usem equipamentos da fabricante.
Proibida de atuar nos EUA, a companhia não poderia comprar componentes essenciais para a montagem de seus equipamentos de rede, data centers e celulares. A medida causou apreensão no mercado, uma vez que a Huawei tem contratos para instalação de redes 4G e 5G em todo o mundo, inclusive no Brasil.
“A Licença Geral Temporária garante às operadoras tempo para se preparar. Também dá ao Departamento de Comércio espaço para determinar quais as medidas de longo prazo mais apropriadas para provedores de serviços de telecomunicações americanas e estrangeiras que atualmente usam equipamentos Huawei em serviços críticos”, disse o secretário de comércio dos EUA, Wilbur Ross.
As coisas não serão como antes, porém. O departamento vai supervisionar as vendas que forem feitas nestes 90 dias. As empresas exportadoras que venderem para a Huawei deverão ter certificações e apresentá-las ao governo sempre que requisitado. Qualquer venda de produto que não tenha recebido a licença temporária, está vetada até que o departamento a analise. A licença temporária de 90 dias poderá ser prorrogada.
O que diz a Huawei
Em resposta ao revés que vem atravessando no mercado norte-americano, o fundador da Huawei, Ren Zhengfei, criticou as medidas protecionistas e intervencionistas do governo dos EUA. “A Huawei se preparou para situações extremas desde anotes do Ano Novo Chinês”, disse o executivo. O Ano Novo Chinês foi em 25 de janeiro.
Apesar disso, ele afirma que a empresa não quer deixar de comprar insumos de empresas estadunidenses. “Enquanto o governo dos EUA permitir que companhias exportem componentes, a Huawei vai continuar a comprar, sem deixar de lado, no entanto, pesquisa e desenvolvimento próprios”, afirma, segundo a agência de notícias oficial chinesa Xinhua. Apenas em 2018, ele diz, a Huawei comprou 50 milhões de chips da Qualcomm.
Zhengfei disse ainda, à agência, que os fabricantes de insumos dos EUA estão pressionando o governo para rever as restrições impostas. E afirma que a Huawei está conversando com o Google para encontrar saídas viáveis – no fim de semana, o Google afirmou que estava cortando relações com a chinesa em função do banimento promovido pelo governo de Donald Trump.