Estudo da Anatel descarta regulação do mercado de data centers

O segmento está em expansão acelerada, com investimentos estimados em  US$ 3,5 bilhões por ano no país nos próximos cinco a 10 anos, avalia Anatel
Grande Data Center - Foto: Freepik
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Estudo técnico da Anatel sobre o mercado brasileiro de data centers, embora reconheça haver, no segmento, barreiras à entrada de novos players, “decorrentes dos requisitos técnicos e de capital intensivo, implicando em limitada capacidade de contestação”não identificou, no entanto, indícios de abuso de posição dominante nesse segmento. “Apesar de sua natureza complexa, a escala globalizada aliada a um mercado fragmentado e em expansão no setor de Data Centers, corroboram a visão de ausência da necessidade de ações regulamentares que visem assegurar a justa e livre competição entre os agentes envolvidos nesse segmento”, afirma o documento elaborado pela Superintendência de Competição da agência.

O conselheiro Alexandre Freire, quem solicitou a análise, considera que esse mercado, se não demanda medidas ex-ante, deve continuar a ser acompanhando no âmbito do C-INT (Comitê de Infraestrutura de Telecomunicações), por ele presidido.

O segmento, avalia o estudo de data centers, está em expansão acelerada, com investimentos estimados em  US$ 3,5 bilhões por ano no país, representado um incremento em potência18 de TI de 1,5 mil MW nos próximos cinco a 10 anos . Para 2024 estima-se que o mercado de data centers no Brasil alcance 0,74 mil MW, podendo atingir 1,21 mil MW até 2029, a um crescimento de 10,17% ao ano. Adicionalmente, projeta-se receitas com colocation de US$ 2 bilhões em 2024, podendo atingir US$ 3,5 bilhões até 2029, com taxa de crescimento anual de 11%.

Para o mercado global, a previsão é de que os gastos globais com a construção de data centers cheguem a US$ 49 bilhões até 2030. A Anatel estima, ainda, que em 2030 o mercado global de data centers cresça a uma taxa de 12,29% ao ano, alcançando um valor de US$ 520,41 bilhões.

Market Share

A participação de mercado no Brasil, com base no tráfego de dados pode ser classificada como: IX.Br, Ascenty (Digital Realty), Elea Digital e Equinix. O Ix.Br concentra 28,1% do tráfego, seguido pela Ascenty de Alphaville, com 14%. A Equinix Sp congrega 11,2% do tráfego, seguida pela Digital Realty do Grande Rio, com 9,5%. A Elea Digital aparece com 5,3% da fatia de mercado seguidos pelos data centers instalados em Fortaleza e Rio de Janeiro, com 5,3% cada. Os demais data centers somam 20,6% do tráfego cursado no país.

São Paulo é concentra o maior número dessas instalações. No estado de SP há pelo menos 72 data centers. O Rio de Janeiro, por sua vez, concentra 20 data centers. O estado carioca fornece incentivo fiscal para essa atividade, com regime diferenciado de tributação para empresas que se instalarem ou ampliem seus data centers no estado, concedendo redução de ICMS (em até 99% sobre a aquisição de mercadorias e serviços destinados à construção, ampliação ou operação do data centers); isenção de IPTU, ITR e ISS e facilitação no acesso a crédito.

Os cinco principais modelos de serviços oferecidos pelos data centers  são:

Enterprise (on-premises)- mais difundido no mercado, pode ficar dentro do ambiente da própria organização, possuindo uma infraestrutura própria de Tecnologia da Informação (TI) e um espaço devidamente controlado;

Colocation- é a instalação de Data Centers em espaços compartilhados, onde um proprietário aluga o espaço para vários clientes;

Hiperscala- é adotado por empresas que produzem grandes volumes de dados. Necessitam de muito espaço e energia, além de uma estrutura que funcione ininterruptamente e consiga dimensionar os recursos para atender às demandas;

Edge – está instalado perto do usuário final, na “borda da rede”, para atender os requisitos de velocidade de acesso e baixa latência;

Internet –  baseado na nuvem, ou seja, é virtual e não demanda construção de uma infraestrutura própria como os demais.

Consumo de Energia

Com base no Uptime Institute, o estudo de data centers da Anatel aponta que o custo com energia pode representar até 44% dos custos totais de operação de um data center, isso torna a eficiência energética um fator crucial para a viabilidade econômica do negócio. Para a Anatel, nesse cenário de consumo massivo de energia, o Brasil possui grande potencial para geração de energia limpa e renovável, com destaque para a energia solar, eólica, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e biomassa.

 

 

 

 

 

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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