Estudo aponta riscos da construção da usina de dessalinização na Praia do Futuro

Estudo encomendado pela Telcomp indica que os maiores riscos existem na fase de escavação da obra, e, após a conclusão, em vazamentos da tubulação, que podem resultar na erosão do solo. Material será entregue ao ministro das Comunicações, Juscelino Filho
Imagem reproduzida no relatório da TÜV SÜD mostra proximidade do terreno da usina aos data centers de Angola Cables e V.tal
Imagem reproduzida no estudo da TÜV SÜD, que trata dos riscos da Usina Dessal do Ceará à infraestrutura de telecom, mostra proximidade aos data centers de Angola Cables e V.tal

Um novo estudo feito pela consultoria TÜV SÜD, encomendado pela Telcomp, elencou os riscos que a construção da Usina de Dessalinização do Ceará na Praia do Futuro, em Fortaleza, traz para data centers e cabos submarinos instalados na área.

O material, protocolado nesta quinta, 16 à Anatel, define três níveis de riscos, baixo, moderado e severo (alto). Compara os riscos relacionados a clima, localização, geografia, à obra da Dessal do Ceará, para as estruturas de telecomunicações. Indica que os riscos naturais são baixo. Entre estes estão as altas temperaturas da região, o baixo potencial de alagamentos, de ventanias e de tempestades.

A obra impacta diretamente o cenário. Os riscos começam a subir de gradação assim que iniciada. Segundo a TÜV SÜD, na fase de construção, surgem ameaças moderadas aos data centers e cabos relativas a incêndios nos repositórios de materiais de construção, infiltrações das chuvas nas trincheiras escavadas, colapso de guindastes, caminhões e outros equipamentos pesados, aumento de fontes de ignição, falhas por despreparo da equipe de obras, roubo ou furto de cabos.

Risco severo

Mas é a classificação de risco severo que causa mais apreensão ao setor de telecomunicações. Conforme o estudo, estão sob essa classificação as escavações para as fundações e tubulações da usina, o que pode acertar dutos de fibra, dos cabos submarinos e de cabos de energia que alimentam os data centers.

Incluído no estudo, mapa aponta áreas de encontro de tubulações da usina e de dutos fibra, que podem ser prejudicados em caso de vazamentos e erosão (Reprodução)
Incluído no estudo, mapa aponta áreas de encontro de tubulações da usina e de dutos fibra, que podem ser prejudicados em caso de vazamentos e erosão (Reprodução)

Uma vez feita a obra, será preciso acompanhar a saúde da tubulação, uma vez que o risco é alto de erosão em caso de vazamentos, danificando as redes. Outro risco alto será o impacto da usina sobre o fornecimento de luz na área, alterando a “harmonia e seletividade” dos data centers atendidos pela mesma rede elétrica, ampliando as chances de curtos circuitos.

A TÜV SÜD também desconfia da qualidade da supervisão dos trabalhos, afirmando que isso traz um grande risco. E que o projeto de construção da usina carece de planos de contingência caso a construção danifique data centers, rede elétrica e cabos ópticos da área.

 

 

 

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Rafael Bucco

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