Espectro não licenciado não interessa para a indústria, diz Fórum IoT

Gustavo Correa, do Fórum Iot, disse que, à exceção das ondas milimiétricas ( de 27 GHZ), a proposta da Anatel para as empresas que não são de telecomunicações é a ocupação de espectro licenciado sem prioridade, o que, na sua opinião, não traz segurança para os investidores.

Os segmentos produtivos brasileiros querem pedaços de diferentes frequências que vão ser vendida pela Anatel para uso próprio, sem precisar compartilhar com as operadoras de telecomunicações. Essa foi a reivindicação unânime de dirigentes de entidades da indústria (Abdib), da agricultura (CNA), de energia (UTC América Latina) e do segmento de óleo e gás (IBP) que participaram hoje, 10, de live promovida pelo Fórum IoT.

Gustavo Correa, representante do fórum, sintetizou essa posição: ” não nos interessa espectro não licenciado, precisamos de espectro dedicado, pois a indústria possui missões críticas, que precisam de redes proprietárias e autônomas”, afirmou.

Conforme o executivo, para atender a essa reivindicação, a Anatel teria que alterar a sua proposta de destinação de frequências lançada à consulta pública no leilão da 5G. Segundo ele, nas ondas milimétricas – faixas de 27,5 a 27,9 GHz- a Anatel propõe destinar 400 MHz para as redes privativas, o que atende ao setor. O problema está, aponta, nas frequências mais baixas.

Para a faixa mais importante para a tecnologia 5G – a de 3,5 GHz- a agência está sugerindo que os serviços Limitados Privados (SLP), que serão utilizados pela indústria 4.0,  ocupem 100 MHz no final do espectro (que vai de 3,7 a 3,8 GHz), mas somente para uso indoor e secundário, ou seja, sem prioridade de ocupação.

Já para a faixa de 2,3 GHz, a Anatel propõe a ocupação pelo SLP de 10 MHz no final, com uso secundário e mediante ran sharing com os operadores de celular, disse Correa. Há ainda, na consulta pública do White Space, a proposta de destinar 30 MHz também para o setor industrial, mas também em caráter secundário.

“A indústria terá que fazer investimentos muito altos, sem garantias de que poderá ocupar o espectro por muito tempo. E o leilão está reservando 20 mais 20 anos para quem tiver o espectro em caráter primário”, alertou ele

Abdib

Sergio Sevileanu, diretor da Abdib (Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústria de Base) ressaltou que países como Alemanha, Inglaterra, Suécia e Estados Unidos já reservaram espectro licenciado para as redes privativas ou avançam na sua legalização (como é o caso dos Estados Unidos).

O executivo defendeu a iniciativa já expressa no regulamento da Anatel, de destinação do espectro por “polígono de área”, o que significa que ele será pago pelo tempo de ocupação, pela área ocupada e pela capacidade dos dados transmitidos.

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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