O combate à desinformação na sala de aula

Institutos compartilham no Edtechs e as Escolas Públicas iniciativas que relacionam o fluxo informacional da internet com o letramento digital.
O combate à desinformação na escola
Foto: Freepik

O “uso adequado das mídias digitais” está proposto como uma das atualizações do Plano Nacional de Educação (PNE), que estabelece metas para os próximos dez anos – uma demanda que ainda não tinha lugar entre as prioridades da política pública quando a versão em vigor foi lançada, em 2014. É neste cenário que institutos privados vêm colaborando com as redes pública e privada de ensino na implementação de iniciativas de educação midiática. Nesta sexta-feira, 23, alguns desses projetos foram apresentados no Edtechs e as Escolas Públicas, evento promovido pelo Tele.Síntese.

“A educação midiática é um conjunto de habilidades para que a gente possa participar efetivamente do mundo conectado tal como ele é. Fazem parte dessas habilidades: ler criticamente o que chega até nós, o combate à desinformação e ao discurso de ódio, a compreensão do trabalho da imprensa, toda a parte do letramento da informação, e também habilidades que dão conta da produção de conteúdo”, explica Daniela Machado, coordenadora do Programa EducaMídia, do Instituto Palavra Aberta.

A entidade, sem fins lucrativos, tem a proteção da liberdade de expressão entre seus objetivos e enxerga a educação midiática como um direito. O carro-chefe são as parcerias com instituições para fornecer materiais especializados e realizar a formação de educadores.

O instituto já participou de projetos junto ao Ministério da Educação (MEC), como o lançamento de uma cartilha direcionada para toda a comunidade escolar, com orientações sobre como lidar com conteúdos online. Além disso, há colaborações diretas também com 20 secretarias de educação, entre estados e municípios, além de escolas privadas.

O programa consiste em um currículo de educação midiática alinhado com as competências previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que disciplina o ensino no Brasil. “Ainda que não apareça a educação midiática com todas as letras, a BNCC traz a ideia dessa forma mais responsável de lidar com a informação tanto para consumir, quanto para produzir”, afirma.

Os conteúdos são “customizáveis” para atender a necessidade de cada escola ou turma. O programa também inova produtos a depender das demandas, como um dos projetos que foca em jovens eleitores, com atividades de conscientização de conceitos democráticos.

“É um projeto que entende que nós precisamos de informação para tomar as melhores decisões. Claro que de maneira autônoma, independente, mas uma decisão informada” resume Daniela.

Jovens e adultos

Leonardo Lapa Pedreira, gerente de Educação Básica no Departamento Nacional do Sesi, destaca entre os projetos da entidade o trabalho de letramento digital feito na Educação de Jovens e Adultos (EJA).

A capacitação começa já no acesso aos conteúdos. “Como parte das atividades da nossa EJA é via plataforma, damos um curso introdutório de alfabetização digital para aqueles estudantes que não têm o conhecimento básico”.

Para os alunos da EJA, prioriza-se a prática. “A ideia é que todas as práticas que ele faz no trabalho, práticas de investigação científicas, a entrega de trabalhos e a realização de atividades, são o cerne do que a gente considera do desenvolvimento dele dentro da EJA”, explica.

“Esse é um estudante que trabalha com projetos de pesquisa. Daí fica fácil de incorporar as competências [digitais] de garantir que o estudante não esteja caindo em fake news, saiba buscar fontes e informações confiáveis, saiba sistematizar e interpretar esses achados de um jeito imparcial. Através das metodologias ativas, tentamos trazer o processo na prática para esse estudante mais adulto, de forma que não o infantiliza”, detalha o representante do Sesi.

Outros projetos

Além do trabalho com educação midiática, o Sesi também possui diversos outros projetos, como programas de gestão escolar que consiste em aplicar metodologias de ensino já testadas na rede Sesi, que tem a dimensão e público-alvo mais próxima da rede pública, com experiências escaláveis, entre elas, atividades de laboratórios.

No estado do Goiás, o Sesi assumiu a gestão pedagógica de cinco escolas públicas, que podem fazer uso de suas metodologias, que incluem ferramentas tecnológicas. Em algumas unidades da rede Sesi, os professores utilizam IA para auxiliar na elaboração do plano de ensino, interpretando dados de aprendizagem.

A rede também oferece um programa de robótica de competição para quase todas as idades. “É muito interessante, porque você vê meninos de 7, 8 anos que sabem programar e vão para competições internacionais”, conta.

E não só meninos. “No ano retrasado, tivemos um grande marco, que foi mais mulheres dentro da robótica do que homens, marca a virada de uma tendência que é super importante para nós”, acrescenta.

No Ensino Médio, são oferecidos cursos técnicos e profissionais em parceria com o Senai, como cursos de design de jogos, biotecnologia, sustentabilidade, e energias renováveis.

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Carolina Cruz

Repórter com trajetória em redações da Rede Globo e Grupo Cofina. Atualmente na cobertura de telecom nos Três Poderes, em Brasília, e da inovação, onde ela estiver.

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