Ericsson tem prejuízo em 2023 e prevê ano fraco para redes móveis

Em balanço financeiro, companhia sueca diz que atuais incertezas do mercado móvel devem prevalecer em 2024, projetando declínio no segmento de RAN fora da China
Ericsson registra prejuízo líquido em 2023 e projeta desafios para 2024
Ericsson registra prejuízo em 2023 e aponta que indústria deve passar por desafios até alcançar a recuperação do mercado móvel (crédito: Divulgação)

A Ericsson divulgou, nesta terça-feira, 23, os resultados financeiros do quarto trimestre de 2023 e do ano passado de forma consolidada. A companhia sueca obteve lucro líquido de 3,4 bilhões de coroas suecas (aproximadamente US$ 330 milhões) entre outubro e dezembro, queda de 45% ante o mesmo período de 2022.

Na íntegra de 2023, a empresa teve prejuízo líquido de 26,1 bilhões de coroas suecas (US$ 2,5 bilhões) – saiba mais sobre os números da empresa abaixo.

No comunicado financeiro, o presidente e CEO da Ericsson, Börje Ekholm, alertou que “a indústria de redes móveis continua desafiadora” e que as “atuais incertezas do mercado” devem prevalecer neste ano. A expectativa do executivo é de um “declínio adicional do mercado de RAN [Redes de Acesso via Rádio] fora da China, uma vez que nossos clientes permanecem cautelosos e o ritmo de investimento está normalizando na Índia”.

Ekholm ainda destacou que o contrato firmado em dezembro do ano passado com a AT&T nos Estados Unidos, mercado em que a empresa tem sentido dificuldades, deve gerar impactos positivos nos resultados da empresa no segundo semestre deste ano.

De todo modo, o CEO da fabricante de equipamentos de telecomunicações ressaltou que, como o 5G ainda está nas fases iniciais de implantação, investimentos adicionais em rede ainda são necessários. “Na nossa opinião, os atuais níveis de investimento são insustentavelmente baixos para muitas operadoras. Estamos, portanto, confiantes de que a recuperação do mercado deve se materializar. No entanto, o momento da recuperação do mercado está, em última análise, nas mãos dos nossos clientes”, avaliou.

Estratégia

No balanço, a Ericsson afirma que a estratégia da empresa tem como pilar principal o crescimento do segmento de Redes Móveis, incluindo a construção de redes abertas, programáveis e de alto desempenho. Em segundo lugar, a companhia sueca planeja expandir as operações da divisão Corporativa, por meio da qual acredita que pode oferecer novas oportunidades de monetização para parceiras.

Nesse sentido, Ekholm pontua que, em 2023, a empresa se dedicou a promover uma transformação cultural, com foco em gestão de riscos e de custos – há quase um ano, a companhia anunciou uma demissão em massa que atingiu suas operações em várias partes do mundo.

“Embora as medidas que tomamos para melhorar o desempenho estejam funcionando, não estamos satisfeitos com a nossa rentabilidade e há mais trabalho a fazer”, frisou. “Ao olharmos para 2024, esperamos que o mercado fora da China diminua ainda mais, com incertezas semelhantes às vividas em 2023. Neste ambiente, continuamos concentrados na gestão de elementos sob o nosso controle, incluindo eficiência operacional e gestão rigorosa de custos”, acrescentou o executivo.

Vendas

No consolidado de 2023, a receita somou 263,4 bilhões de coroas suecas (US$ 25,24 bilhões), registrando queda anual 10%. A baixa foi puxada por um declínio de 15% nas vendas da divisão de Redes, a de maior importância para a empresa. O segmento Corporativo teve alta de 11%, enquanto o setor de Software de Nuvem e Serviços avançou 1% em relação ao ano anterior.

No quarto trimestre, ante o mesmo período de 2022, a receita registrou queda de 17%, também puxada pelo fraco desempenho de Redes (-23%) no intervalo de outubro a dezembro.

No recorte geográfico, os negócios da Ericsson, ao longo de 2023, tiveram desempenho positivo nas regiões do Oriente Médio e África (alta de 1%) e, sobretudo, do Sudeste Asiático, Oceania e Índia, onde cresceram 61%.

Por outro lado, as vendas caíram 9% no Nordeste da Ásia e outros 9% na Europa e na América Latina, regiões sob a mesma divisão da companhia. A queda mais significativa, no entanto, foi observada na América do Norte, com as vendas diminuindo 41% na comparação anual.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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