Ericsson amplia lucro no 1º trimestre, mas teme ano ruim para RAN

Receita da fabricante sueca caiu 14% no período de abertura de 2024, puxada por um declínio de 19% nas vendas da divisão de Redes; empresa espera estabilização no segundo semestre
Ericsson tem lucro no 1º trimestre, mas projeta ano difícil para o mercado de RAN
Ericsson projeta ano difícil para o mercado de RAN, apesar de ampliar o lucro no início de 2024 (crédito: Ericsson/Divulgação)

A Ericsson divulgou, nesta terça-feira, 16, o balanço financeiro do primeiro trimestre de 2024, período em que auferiu lucro líquido de 2,6 bilhões de coroas suecas (aproximadamente US$ 240 milhões), alta de 66% na comparação com o mesmo período do ano passado. Apesar do resultado positivo, a companhia registrou queda significativa nas vendas e indicou que 2024 será um ano difícil para o mercado de redes de acesso via rádio (RAN).

A receita da fabricante sueca, em termos orgânicos, caiu 14% no período de janeiro a março, ante o mesmo intervalo de 2023, totalizando 53,3 bilhões de coroas suecas (US$ 4,86 bilhões).

O declínio foi puxado pela divisão de Redes, a de maior importância para as operações da empresa, cuja queda foi de 19%. Segundo o presidente e CEO da Ericsson, Börje Ekholm, a baixa ocorreu em função de “os consumidores continuarem cautelosos com os investimentos”.

As vendas de Software e Serviços em Nuvem tiveram queda de 2%, ao passo que a receita do segmento Corporativo avançou 1%.

A baixa foi sentida em quase todos os mercados em que a empresa atua, exceto na região da África e do Oriente Médio, na qual obteve alta de 11% em relação ao primeiro trimestre de 2022.

Percentualmente, a queda mais significativa foi na região composta por Índia, Oceania e Sudeste Asiático (-37%). O recuo na receita também foi constatado na América do Norte (-17%), no Nordeste da Ásia (-16%) e na divisão responsável pelos negócios na América Latina e na Europa (-8%), sendo mais pronunciada nos países latino-americanos, de acordo com o informe financeiro.

Mercado de redes móveis

Para a Ericsson, as expectativas para o mercado de RAN em 2024 não são positivas. Isso porque, segundo o CEO, os consumidores “continuam cautelosos” e as vendas na Índia estão “se normalizando”, isto é, reduzindo o ritmo. No balanço, Ekholm ainda lembra que a consultoria Dell’Oro aponta queda de 4% no mercado global de equipamentos para redes móveis neste ano, o que ele considera uma previsão otimista.

“Se as tendências atuais persistirem, esperamos que nossas vendas se estabilizem durante o segundo semestre do ano, beneficiando-se das recentes conquistas de contratos e da normalização dos níveis de estoque dos clientes na América do Norte”, projeta o executivo. Vale lembrar que, em dezembro passado, a empresa fechou um acordo de Open RAN com a operadora norte-americana AT&T.

A empresa reforça que segue adotando medidas de redução de custos, o que inclui a demissão de funcionários, como o corte de 1.200 empregados anunciado no fim de março. Inclusive, segundo o documento, a companhia tinha 99.952 funcionários em dezembro do ano passado. O total caiu para 99.140 ao fim de março deste ano – uma redução de 812 trabalhadores.

Outros indicadores

A Ericsson informou que o lucro antes de juros, impostos e amortização (EBITA) – diferentemente do EBITDA, não inclui depreciação de ativos – avançou 27% no primeiro trimestre, ante o mesmo período do ano anterior, para 4,9 bilhões de coroas suecas (US$ 450 milhões). A margem, nesse intervalo, passou de 6,2% para 9,2%.

A margem bruta, excluindo encargos de reestruturação, subiu de 39,8%, no primeiro trimestre de 2023, para 42,7%, no intervalo de abertura de 2024. A alta foi impulsionada pelo portfólio de produtos, melhoria na disciplina comercial e o aumento das receitas de licenciamento de propriedades intelectuais.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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