Enquanto o Congresso avalia venda dos Correios, associação destaca lucros da estatal
A Associação dos Profissionais dos Correios (Adcap) soltou comunicado em que alerta sobre imprecisões relativas aos resultados da estatal, cujo projeto de privatização está pronto para ser votado. No documento, a entidade diz que, além de informações erradas, são “apresentadas interpretações completamente equivocadas, muitas vezes induzidas por discurso falacioso de autoridades do próprio governo federal”.
A Adcap ressalta que os Correios publicam todos os seus demonstrativos financeiros em seu site na internet, disponível para qualquer pessoa. E inclui os números dos Correios de 2010 a 2020, extraídos desses demonstrativos. Nota-se que após quatro anos seguidos de resultados negativos (2013 a 2016), a estatal entrou em fase de rendimento altamente positivo, passando para lucro de R$ 667 milhões, em 2017, a R$ 1,53 bilhão, em 2020.
A associação diz que as principais razões que impactaram os resultados dos Correios a partir de 2013 não possuem relação com as operações e negócios da empresa, com corrupção, má gestão ou coisas assim, mas sim com decisões do governo e mudanças contábeis.
Entre essas interferências do governo, a Adcap cita o congelamento tarifário, por decisão do Ministério da Fazenda, pelo período de dois anos; recolhimento excessivo de dividendos, pelo Ministério da Fazenda, “muito além dos 25% do lucro líquido previsto em lei e usualmente praticado”; e “implantação abrupta de nova norma contábil (CPC 33), que determinou o pré-pagamento das despesas de pós-emprego, as quais eram contabilizadas até então à medida em que ocorriam, sem que o Ministério do Planejamento tomasse nenhuma medida para proteger as estatais grandes empregadoras, como Correios e Caixa, dos graves efeitos dessa mudança contábil”.
Diz ainda que “o MP poderia ter atuado para diferir os efeitos ou mesmo para articular a constituição de um fundo que evitasse a contabilização direta dos impactos da mudança nos balanços das grandes estatais, mas se omitiu completamente.”
Ainda no comunicado, a entidade frisa que “em 2020, diferentemente do que aconteceu com a imensa maioria das empresas, os Correios alcançaram um lucro recorde, de R$ 1,53 bilhão, turbinado pelo crescimento do e-commerce e pelo fato de que a empresa não parou na pandemia”.
A associação finaliza dizendo que apesar de tratar-se de uma empresa que presta serviço público, a estatal está com excelentes resultados, não cabendo qualquer alegação de tratar-se de uma organização que dá prejuízos ao Estado ou que padece de qualquer dificuldade de ordem econômica, inclusive para realizar investimentos.