Enel, Ericsson e TIM testam o 5G “puro” na distribuição de energia
A TIM realiza desde 2 agosto um projeto piloto em parceria com a empresa de distribuição Enel na cidade de São Paulo. Também participam Ericsson, Qualcomm e Motorola.
A iniciativa conecta com 5G Standalone, na faixa de 3,5 GHz, uma subestação elétrica no bairro da Vila Olímpia. As antenas são dos modelos Ericsson AIR 6449, AIR3227, e AIR 6488. Já a Qualcomm forneceu um CPE 5G Fixed
Wireless Access (FWA) gen 2 com o Modem Snapdragon X62 5G -Sistema RF. A Motorola cedeu smartphones Edge, Moto G 5G e Moto G100.
Como explicou Leonardo Capdeville ao Tele.Síntese, o 5G funcionou como ligação de backhaul para o CPE da Qualcomm, que irradiou pela subestação de energia o sinal WiFi. Sensores instalados pela Enel na subestação permitem o controle remoto da estrutura e identificam em tempo real se há falhas ou necessidade de manutenção.
Outra aplicação testada é relacionada ao time de campo. Os técnicos da Enel utilizam os smartphones conectados diretamente ao 5G. Estes trazem programas de realidade aumentada que permitem o acesso instantâneo a dados da subestação e detalham como executar a manutenção apenas apontando a câmera para o equipamento.
Este foi o primeiro piloto a utilizar 5G na distribuição elétrica na América Latina, segundo as empresas.
Atualmente a Enel recorre a sistemas que se conectam por 3G a suas centrais de controle. Tal conexão é muito mais lenta, e resulta em tempos de resposta na casa dos segundos.
Com o 5G, observa Fernando Andrade, responsável pela área de Engenharia e Construção da distribuidora, o tempo de resposta fica entre 1 a 5 milissegundos, abrindo caminho para utilização mais intensa do conceito de redes “self healing”, ou seja, que estabelecem rotas diferentes para a energia conforme problemas em uma delas são identificados.
Projeto será maior quando sinal de 3,5 GHz for liberado
Segundo os executivos, o projeto deverá evoluir. A Enel gostou do resultado, observou ganhos de eficiência e velocidade de atendimento de ocorrências. Na cidade de São Paulo existem 120 subestações de energia que poderiam ser conectadas, mas o executivo vai além: “Começamos pela subestação porque é um ambiente relativamente controlado, mas é possível espalhar a tecnologia para os equipamentos em toda a rede”, observou.
Andrade vislumbra o uso do 5G para comando de drones, captação e análise de imagens. Sugere até que no futuro os caminhões de lixo tragam câmeras e sensores que analisem as redes de energia, liberando fiscais para outras tarefas.
Capdeville, da TIM, ressalta que o teste atual se baseia em licença provisória da Anatel, mas que a antena instalada na Vila Olímpia deve permanecer e ser utilizada para atendimento do consumidor 5G em geral tão logo o espectro de 3,5 GHz seja liberado na cidade – a operadora foi uma das compradoras da faixa no leilão realizado pela agência reguladora no começo do mês.
O piloto da rede 5G faz parte do projeto Urban Futurability da Enel, que transformará a Vila Olímpia em um bairro digital e sustentável com investimento de R$ 125 milhões do programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
TIM e Enel, ambas empresas com origem italiana, já têm parceria firmada para pesquisa e desenvolvimento de produtos e em áreas diversas. A Enel é uma das empresas contratadas pela TIM para o fornecimento de energia de fontes renováveis. No caso, a distribuidora construiu usinas solares na Bahia para atender as unidades consumidoras da tele.
Além disso, a Enel X, braço de inovação da empresa de energia, tem contrato com a TIM para o desenvolvimento de soluções para cidades inteligentes – como aplicações de smart grid. A intenção com esta parceria entre as empresas é criar tecnologia para cidades inteligentes. Tal acordo foi firmado em junho.