Embratel prepara entrada no mercado de Edge Computing

A Embratel está investindo R$ 30 milhões na construção de 16 PoPs para vender soluções de computação na borda da rede. Além da oferta direta a empresas de diferentes verticais, Mario Rachid, diretor da área de soluções digitais da companhia vê oportunidade em parcerias com gigantes de nuvem que não têm a mesma capilaridade que a tele.
Foto de Mario Rachid, Diretor Executivo de Soluções Digitais da Embratel
Mário Rachid, Diretor Executivo de Soluções Digitais da Embratel

A Embratel deve ser a primeira operadora a entrar no segmento de edge computing no Brasil. A empresa vai lançar soluções baseadas no conceito no segundo trimestre do ano. Para amparar as ofertas, a companhia está construindo infraestrutura em 16 pontos do país, aproveitando instalações já existentes da Claro.

Várias verticais poderão ser atendidas, do mercado financeiro ao setor de saúde. O mercado principal, no começo, será o Sudeste. Todas as capitais da região terão um ponto de presença da rede de edge computing da tele. Os 16 PoPs, no entanto, não serão ativados simultaneamente. Eles serão ligados aos poucos, até o final do ano. Além das unidades em São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ) e Vitória (ES), haverá infraestrutura pelo menos em Manaus (AM), Belém (PA), Brasília (DF) e Goiânia (GO).

Mário Rachid, diretor executivo de soluções digitais da Embratel, explica que a intenção é atender à demanda por serviços que exijam baixíssimo tempo de resposta. “A gente já usa uma solução interna de atendimento no campo, onde a latência é importante. No caso, nosso tempo de resposta melhorou em 5x ou 6x na comunicação com as equipes”, observa.

O investimento inicial deve ser de R$ 30 milhões. “O dinheiro está sendo colocado na arquitetura Openstack, no Orquestrador, no hardware de servidores, em processamento, segurança e comunicação entre os PoPs”, afirma o executivo. Lembrando que há sinergias, uma vez que tudo está sendo colocado em ambientes pré-existentes do grupo Claro Brasil.

Capilaridade como oportunidade

Pietro Ladai, responsável pelas pesquisas do mercado de TI dentro da consultoria IDC Brasil, vê como saída o investimento das operadoras para oferecer edge computing. “A receita com serviços de telecom tradicionais, voz fixo, dados fixo, dados e voz móveis, está reduzindo entre todos os players. Então é natural que essas empresas busquem receita em outros lugares”, explica.

A seu ver, é neste segmento que elas têm alguma vantagem competitiva em relação às gigantes digitais, graças à capilaridade da rede de telecomunicações e data centers espalhados pelo território. “É uma transição, mesmo os grandes do setor de nuvem não viram essa chave de uma hora para outra. Construir data center exige centenas de milhões de investimento. Por isso, tem que sair com contratos já assinados”, afirma.

A Embratel espera justamente se beneficiar da capilaridade e estuda até produtos para as companhias de nuvem rivais a chegar mais perto do cliente. “Os concorrentes do nosso edge computing seriam os parceiros que temos, mas eles não têm a mesma presença em território nacional. Por isso, vejo-os tentando se associar com empresas como a Embratel para criar esses hubs”, conta Mario Rachid, da operadora.

Procuradas, as outras grandes operadoras (Oi, Vivo e TIM) não quiseram revelar intenções para o mercado de nuvem brasileiro. Na última semana o grupo espanhol Telefónica informou ao mercado que procura desinvestir em data centers, com a venda parcial ou total dos ativos do segmento no mundo.

Cloud em expansão

O investimento em edge computing é mais um dentro dos aportes que a Embratel vem fazendo para ampliar a importância dos serviços de nuvem em seu faturamento. Por enquanto, a tele ainda vende mais serviços de telecomunicações, mas o crescimento em nuvem é exponencial e há expectativa de que haja uma inversão senão neste, no próximo ano.

A companhia ganhou nos últimos anos importantes contratos públicos, com o do TCU em 2017 e o do Ministério do Planejamento (hoje parte do Ministério da Economia), em 2018. Este último, no valor de R$ 30 milhões, permitirá à empresa revender tecnologia de diferentes fornecedores para órgãos federais, mas espera julgamento de recurso do concorrente. A Embratel tem parcerias com AWS, IBM, Microsoft Azure.

E ainda há muito potencial, para qualquer player. O segmento de cloud pública como um todo vem crescendo mais de 35% ao ano, conforme a IDC Brasil. Em 2018 não será diferente, e as empresas que endereçam o segmento vão faturar, juntas, US$ 2,3 bilhões, prevê a consultoria.

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Rafael Bucco

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