Eliott emplaca novo CEO da Telecom Italia

Italiano Luigi Gubitose assume o posto, com apoio do governo. Com o controle do conselho e plenos poderes no comando operacional, Elliott pode colocar em prática plano de vender ativos fixos a fim de reduzir dívida da operadora. Vivendi quer assembleia de acionistas.

O fundo de investimentos Elliott, do bilionário Paul Singer, conseguiu poderes absolutos sobre o comando da Telecom Italia, embora seja o segundo maior acionista da companhia, com 8% do capital social. O fundo, que já tinha o controle do conselho de administração, emplacou um de seus indicados para o cargo de CEO, vago desde a semana passada devido à saída de Amos Genish. A Telecom Italia é a controladora da TIM Brasil.

Luigi Gubitose, integrante do conselho, será o novo presidente executivo da companhia. Ele é italiano e já foi do alto escalão de diferentes grupos do país, como Fiat, Ferrari, Wind Telecomunicazioni. Desta última, concorrente da Telecom Italia, foi CEO entre 2007 e 2011. Também presidiu o setor de investimentos do banco Merril Lynch no país da bota.

Com a escolha, Fulvio Conti, chairman do conselho também por indicação do Elliott, deixa o cargo de CEO que ocupava interinamente, em benefício de Gubitose. O novo CEO é o quinto da companhia italiana desde 2012.

Disputa e dívida

Embora conflitos com maior acionista, a Vivendi, continuem, fica cada vez mais difícil para a francesa barrar as iniciativas do fundo norte-americano. O Elliott entrou no capital social da operadora no começo do ano, quando comprou menos de 10% das ações ordinárias. Embora a Vivendi tenha 24%, o fundo foi capaz de manobrar para ter maioria no conselho de administração, obtendo apoio de outros acionistas e do governo.

A demissão de Genish teria sido influenciada por diversos fatores, desde o desempenho operacional do terceiro trimestre, a conflito de visões sobre o destino da Telecom Italia. O Elliott estuda criar uma nova empresa para abrigar os ativos de infraestrutura fixa e vendê-la, reduzindo o endividamento da tele, hoje na casa dos € 25 bilhões. Algo a que a Vivendi se opõe.

O Elliott tem a seu lado um aliado importante: o governo, que está construindo uma operadora de atacado de rede fixa chamada Open Fiber. Esta operadora teria como papel incentivar a competição e se beneficiaria dos ativos da Telecom Italia em caso de fusão.

A Vivendi, por sua vez, propunha uma separação estrutural de ativos da Telecom Italia, mas com manutenção do controle dos ativos fixos nas mãos da tele. Pouco após deixar o cargo, Genish, da Vivendi, e ainda integrante do conselho, classificou sua demissão do posto de CEO como golpe e afirmou que vai trabalhar para a convocação de uma assembleia de acionistas. Na pauta, o destino dos ativos fixos da operadora. A Telecom Italia é a líder do mercado local tanto em telefonia móvel, quanto em fixa, banda larga e TV.

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Rafael Bucco

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