Eletrônicos brasileiros podem “ficar fora” do mercado americano

EUA podem rever Sistema Geral de Preferências e aumentar impostos de importação na esteira da retirada do status de "país em desenvolvimento" do Brasil, o que preocupa a Abinee

A exclusão do Brasil da categoria de países “em desenvolvimento” por parte dos Estados Unidos poderá resultar na elevação de impostos incidentes sobre produtos brasileiros que entram naquele país, especialmente eletroeletrônicos. A mudança de status foi publicada no começo da semana pelo Departamento de Comércio dos EUA.

Embora o governo brasileiro afirme que a medida tenha pouco impacto econômico, colocará em risco de 25% a 30% das exportações do setor eletroeletrônico para os EUA. Esse é o volume de produtos que são exportados para lá e se beneficiam do Sistema Geral de Preferências (SGP). Tal sistema oferece descontos para a compra de produtos de países em desenvolvimento, a fim de equalizar as diferenças regionais no comércio exterior.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), a retirada do status de país em desenvolvimento é, por isso mesmo, “preocupante”.

A entidade lembra que o SGP está em fase de renovação, e agora pode ter sido colocado em risco. “Sem essa condição os produtos brasileiros perdem competitividade no mercado americano”, afirma, em nota. A consequência seria que os fabricantes daqui ficariam de “fora do mercado” estadunidense.

Em 2019, as exportações da indústria elétrica e eletrônica para os EUA atingiram US$ 1,6 bilhão, 23,7% acima das realizadas em 2018. O mercado norte-americano passou a ser o principal destino das vendas externas do setor, passando de uma participação de 23% em 2018 para 29% em 2019. Essa foi a maior representatividade dos Estados Unidos no total das exportações de produtos do setor desde 2004.

“O governo brasileiro deveria solicitar ao EUA a revisão dessa medida, como forma de defender os interesses brasileiros. Caso contrário, não só as exportações dos setores elétrico e eletrônico serão prejudicadas, mas as de todos os demais segmentos industriais e até de alguns agroindustriais”, defende.

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Rafael Bucco

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