Edtechs: startups com foco em educação crescem em número e impacto social
A quantidade de empresas de tecnologia voltadas à inovação no ensino e nas escolas vem crescendo a cada ano, transformando o sistema de ensino brasileiro. Durante o primeiro dia de debates do evento Edtechs e as Escolas Públicas, especialistas contaram casos de inovação que impactam grandes contingentes de alunos, professores e gestores.
Danilo Yoneshige, CEO e Co-fundador da Layers Education e integrante da ABStartups revelou que em 2020 havia 556 edtechs no Brasil. Número que saltou para 803 em 2022, data do levantamento mais recente. A seu ver, isso mostra o quanto o mercado educacional tem a oferecer em oportunidades de negócio a empresas que procuram melhorar o ensino brasileiro.
A Layers, por exemplo, desenvolveu uma plataforma para integrar diferentes tecnologias e ambientes virtuais em um só. “Acreditamos que ninguém vai construir uma solução única que atenda todas as necessidades de todas as escolas”, resumiu o empreendedor. Atualmente, o produto é utilizado em 1,4 mil escolas privadas, com precisão de entrar em disputas no setor público este ano.
A seu ver, investidores perceberam a relevância do segmento. “As edtechs recebem cheques menores, mas atraem sócios. Pelo levantamento, 69% das edtechs já receberam investimentos, com ticket médio de R$ 1,3 milhão”, contou Yoneshige.
Ensino de programação para 440 mil jovens
Thais Pianucci, diretora geral da Unidade de Negócios de Educação Básica da Alura Start, contou que a startup fechou contrato com o Governo do Paraná e leva, atualmente, curso de programação para 440 mil estudantes do fundamental II e Ensino Médio. O objetivo é fazer os alunos colocarem a “mão na massa” para desenvolverem o pensamento computacional. São desafiados a programar desde a primeira aula.
“Temos um engajamento alto, de 70% dos 440 mil alunos. Consideramos engajamento quando o aluno fez atividade ou viu algum vídeo nos últimos 15 dias, pois, para muitos, o acesso ao laboratório se dá apenas a cada 15 dias. E este ano temos mais de 330 mil projetos concluídos, que pode ser ou um jogo construído ou um site”, contou.
A seu ver, o mercado das edtechs ainda tem muito o que crescer a fim de lidar com a diversidade do ecossistema educacional brasileiro, que tem mais de 42 milhões de alunos, 40 mil escolas privadas e quase 180 mil públicas.
“O país é tão heterogêneo que há necessidade de ter posicionamento em diversos pontos do país. E mesmo com fusões e aquisições de escolas e empresas, ninguém chega a 2% de participação no mercado de educação”, observou.
Ela defendeu que as escolas públicas estão mais preparadas do que normalmente as pessoas imaginam. “Fazer algo deste tamanho e complexidade, como ensinar programação a 440 mil alunos no Paraná, depende de preparação anterior, de equipamento e conectividade. Temos muitas escolas equipadas nos estados que trabalhamos”, comemorou.
Educação socioemocional
Outra das edtechs presentes no evento foi a Educa. Seu CEO, Jaime Ribeiro, reforçou o cenário apresentado pelos demais, de que o segmento de educação tem oportunidade e desafios que se beneficiam da agilidade e poder de inovação das startups.
No caso da Educa, a empresa desenvolve cursos digitais com foco socioemocional para alunos, professores, gestores e familiares. Ele contou que recebeu oferta de compra, mas recusou por ter o propósito de levar a mais lugares.
“Não significa que não estejamos focados em crescimento. Já impactamos 200 mil famílias em dois anos, acabamos de lançar um streaming de educação parental. E lançamos uma programa socioemocional com outra edtech, a Árvore de Livros, com quem estamos nos preparando para ofertas públicas”, contou.
A seu ver, as edtechs têm o papel de acelerar a entrada de inovações nas escolas para reduzir lacunas entre escolas públicas e privadas, de regiões ricas e pobres.
Já Michel Robert Weigmann, CEO da Edusoft, apresentou sua empresa, que tem 40 anos, dos quais 32 dedicados ao desenvolvimento de software para gestão educacional. “A plataforma lida com tudo que envolve captação de alunos, controle pedagógico, até emissão de diploma, histórico escolar atendendo todas as normativas”, contou.
Ele defendeu que o Brasil tem grande potencial de formar tecnólogos com o ensino de inovação em aula. E que é preciso haver letramento digital para que o aluno seja não apenas um consumidor passivo. “Não consigo mais imaginar em educação sem tecnologia. E acho que temo muitos alunos com potencial para ser mais do que usuários, e sim desenvolver tecnologia e ciência”.