DPR terá duas fábricas nos EUA em 2025

Movimento estratégico, internacionalização da DPR avança sobre o mercado norte americano a fim de compensar o desaquecimento na demanda brasileira por redes de fibra
Vander Stephanin, vice-presidente da DPR (crédito: Divulgação/DPR)

A maturidade do mercado brasileiro de provedores de internet, a capilaridade já conquistada das redes ópticas locais e a alta taxa de juros praticada no país levaram a fabricante DPR e traçar um plano de internacionalização nas Américas que, a partir de 2025, alcançará os Estados Unidos.

Nos últimos anos, a empresa entrou na Colômbia, na Argentina, no Peru, na República Dominicana, começou a estudar o mercado mexicano, e já se decidiu a ir para os EUA no ano que vem, explica Vander Luiz Stephanin, vice-presidente da DPR, para o Tele.Síntese.

Segundo ele, serão feitas duas fábricas na Flórida para montar produtos para redes ópticas subterrâneas. “O mercado dos EUA sempre foi muito baseado no cabo coaxial subterrâneo, e agora ele está migrando rapidamente para fibra óptica”, observa.

As plantas vão receber as peças produzidas aqui no Brasil, em Sorocaba (SP), e fazer a montagem final dos produtos para comercialização junto às operadoras e provedores norte-americanos. O aporte para a expansão na terra do Tio Sam será de aproximadamente US$ 10 milhões (quase R$ 60 milhões pelo câmbio atual), estima Vander.

Com a alta do dólar, o negócio por lá tem potencial de se tornar muito relevante para a DPR no médio prazo, acrescenta. A expectativa é atender à demanda crescente pelas soluções para fibra, uma vez que produtos chineses não são aceitos pelos americanos e há incentivo do governo para uso da fibra.

“Começaremos a comercializar os produtos montados lá no fechamento do primeiro semestre”, prevê o executivo.

No Brasil, foco no acesso

Segundo Vander, as redes brasileiras de fibra estão bastante maduras, crescendo a taxas muito menores do que se via no passado. Ao mesmo tempo, a competição está mais acirrada, os preços praticados pelos provedores são cada vez mais baixos, uma vez que todas as cidades têm ao menos dois competidores no acesso. “O ano de 2024 foi um desafio bastante grande, pois a construção de redes novas diminuiu muito. E em 2025, tende a ser ainda pior”, avalia. Além da menor demanda por rede, cresceu o número de provedores inadimplentes.

Por isso, a DPR reviu o mix de produtos a fim de atender segmentos em que a demanda segue em alta. É o caso da última milha.

A empresa passou a produzir ONUs e cabos tipo drop, que são usados na ativação do cliente final para conectar o domicílio ao poste. “No segundo semestre, ampliamos muito as vendas destes cabos, e com a decisão de o governo taxar a fibra que vem da China, isso vai acelerar mais em 2025″, antecipa. A DPR compra a fibra da Prysmian e monta o cabo drop em planta própria, localizada em Sorocaba (SP).

Outra medida para incentivar a demanda foi criar um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FDIC) junto com o BNDES para financiar a aquisição de produtos para telecomunicações feitos pela DPR. Segundo Vander, este modelo viabilizou R$ 5,9 milhões em negócios neste seu primeiro ano de existência.

“Foi muito menos do que os R$ 100 milhões que esperávamos por causa das condições de mercado, do freio na construção de redes e migração da demanda para a ativação de rede”, afirma. Como os produtos de ativação entraram na segunda metade deste ano, a expectativa é que o volume transacionado pelo FIDC em 2025 cresça muitas vezes.

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Rafael Bucco

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