Denúncias de discurso de ódio e abuso infantil online crescem em 2022

SaferNet divulgou que e posts com discurso de ódio cresceram 68% em 2022, já as denúncias de abuso infantil passaram de 100 mil

Durante a 20° edição global do Dia da Internet Segura, a SaferNet, ONG que busca defender e promover os direitos humanos no ambiente digital,  divulgou o aumento de 68%, quando comparado com 2021, das denúncias de discurso de ódio no ambiente digital do país. 

Entre os crimes proferidos a xenofobia (874%), intolerância religiosa (456%) e misoginia (251%) foram aqueles que mais cresceram no último ano, representando um sinal de alerta para todos, pois estes encontram-se ganhando espaço de forma exponencial na rede desde 2018.

A organização também divulgou que após onze anos, o número de casos reportados sobre compartilhamento, produção e armazenamento de imagens e vídeos contendo abuso sexual infantojuvenil ultrapassou a marca de 100 mil denuncias, fato esse que não ocorria desde 2011.

“No ano de 2022 ocorreram 111.929 denúncias de imagens de abusos sexuais infantojuvenil, contra 101.833 em 2021, sendo um aumento de 9,9%. Assim, mesmo com a internet sendo um ótimo ambiente democrático, casos de discurso de ódio no ambiente online transformam-se em ações fora das telas. Como exemplo temos as manifestações antidemocráticas ocorridas em Brasília no último dia 8 de janeiro,  sendo preciso uma resposta firme das instituições democráticas e organizações privadas”, diz Thiago Tavares, representante da SaferNet Brasil. 

Demi Getschko, diretor-presidente da Nic.br, disse sobre a necessidade de manter a atenção e seguir as diretrizes do Marco Civil da Internet e LGPD no ambiente online. “ Sou um grande apoiador do Marco Civil da Internet e da complementação que ocorreu com a LGPD, ao meu ver precisamos analisar apenas a taxonomia de termos para utilizarmos essas legislações de forma mais certeira”, disse Getschko.

Já Priscila Costa Schreiner, procuradora do Ministério Público, conta que o MP identificou a necessidade de mudar sua estratégia de combate a casos de discurso de ódio, entendendo que a prevenção é a melhor arma contra os infratores. “Antes o formato a conduta do MP era reativa, hoje ela é preventiva. Acreditamos que a educação e informação seja o melhor caminha”, disse a procuradora.  

Empresas como Google, Meta e Tik Tok  também ressaltaram que buscam cada vez mais garantir uma usabilidade segura de suas ferramentas e redes sociais, punindo propagadores de discurso de ódio. A Meta e o Tik Tok, por exemplo, anunciaram que em 2023 desenvolverão novas ferramentas educacionais e preventivas em suas redes sociais, podendo garantir mais suporte para usuários de todas as idades. 

O Google, por sua vez, compartilhou que a empresa em 2023 vai incrementar um sistema de spams no Google Drive, aprimorar ferramentas de controle familiar e fechar parcerias para difundir conhecimentos sobre segurança digital entre pais, professores e crianças. 

“Dentre os projetos, o controle familiar está no topo da lista. Esse ano, características do safesearch se tornam padrão para todos os usuários, censurando resultados de pesquisa impróprios. Além disso,  realizamos parcerias e produções para conscientizar crianças e familiares sobre a importância de estar atento no meio digital”, disse Flávia Annenberg, representante do Google.  

O evento de hoje marcou também o lançamento de um fascículo da cartilha de como manter-se seguro ao navegar pela internet e usar as redes sociais. Entre as dicas, estão: 

Pensar duas vezes antes de realizar um post – Nas redes sociais as informações se propagam rapidamente e, depois que algo é divulgado, dificilmente pode ser apagado ou controlado

Selecione seus seguidores – Quanto maior sua rede, maior a exposição de seus dados, postagens e lista de contatos. Isso aumenta o risco de abuso dessas informações. Configure sua conta como privada, quando possível, e verifique a identidade da pessoa antes de aceitá-la em sua rede.

Proteja o acesso à sua conta – Crie senhas fortes e ative a verificação em duas etapas; ative alertas e notificações de tentativas de acesso em suas contas, redobrando a atenção com contas que dão acesso a outras; se alguma conta sua foi invadida: troque a senha e siga os procedimentos para recuperação do acesso, se necessário.

Cuidado com aplicativos de terceiros – Apps de jogos, testes de personalidade e edição de imagens podem capturar suas informações pessoais, fotos, histórico de navegação e lista de contatos para usos diversos e abusivos. Pense bem antes de dar acessos e leia os termos de uso e privacidade.

Ajuste as configurações de segurança e privacidade das plataformas – elas ajudam a definir quais informações são compartilhadas sobre você e como seus dados são tratados.  

Tenha cuidado com o que curte ou compartilha – Suas interações sociais, como curtidas e compartilhamentos, dizem muito sobre você. Se o conteúdo for indevido, transmitindo preconceitos ou um discurso de ódio ações , até mesmo judicias, poderão ser tomadas

Respeite a privacidade alheia – Evite falar sobre as ações, hábitos e rotina de outras pessoas, pense como elas se sentiriam se aquilo se tornasse público. Peça também autorização antes de postar imagens em que outros apareçam ou de compartilhar postagens alheias.

*Ettory Jacob é estagiário de jornalismo do Tele.Síntese

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Ettory Jacob*

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