Delend vai usar IA para potencializar dados do Open Finance

Com foco em pequenas e médias empresas, fintech obteve autorização para funcionar como iniciador de transação de pagamento e passa a integrar o Open Finance
Delend vai usar IA para potencializar dados do Open Finance
Licio Carvalho, cofundador e chief technology officer (CTO) da Delend, fintech que quer utilizar IA para potencializar dados do Open Finance para seus clientes | Foto: divulgação

A Delend ainda não completou dois anos, mas fechou o ano passado com um faturamento de R$ 54 milhões. Agora, com a licença do Banco Central (BC) para funcionar como uma instituição de pagamento, na modalidade iniciador de transação de pagamento, a fintech passa a integrar o ecossistema do Open Finance. Com isso, a expectativa é aumentar o faturamento para algo em torno de R$ 80 milhões ainda este ano.

A fórmula para isso está na integração da inteligência artificial (IA) ao Pix, ao Open Finance e, em breve, ao Drex, o real digital que está atualmente em fase de testes.

“O Open Finance, a partir do consentimento dos usuários, traz uma fartura de dados. São milhares de linhas de informações sobre o histórico bancário de uma pessoa em dez segundos. É preciso processar para agregar valor a essa montanha de dados. A inteligência artificial nos possibilita entregar as informações mastigadas para o nosso cliente”, diz Licio Carvalho, cofundador e chief technology officer (CTO) da Delend.

O foco da fintech são as pequenas e médias empresas (PMEs). No ano passado, a Delend adquiriu a Rede OK e sua carteira de mais de 40 mil PMEs. Com a autorização obtida do BC, a Delend não precisa mais depender de fintechs parceiras para realizar a iniciação de pagamento, o que faz com que a empresa diminua custos e possa investir no desenvolvimento de novas soluções para o monitoramento e a emissão de pagamentos e cobranças.

“Com esse acesso nativo e próprio que conseguimos, ganhamos não só a permissão de iniciar pagamentos via Open Finance, como a de coletar dados. Assim, a partir da sofisticação da análise financeira por meio da IA, queremos ser uma espécie de assistente financeiro para que o pequeno empresário tenha informação de forma simples sobre os seus clientes, o potencial de receber e os riscos existentes sobre os recebíveis”, conta Carvalho.

Além de agregar a IA para aprimorar as informações que ajudam as empresas a decidir sobre a concessão de crédito, algo que a Rede OK já oferecia, a Delend vai passar a automatizar todo o processo de pagamento, registrar as duplicatas, bem como ofertar a antecipação de recebíveis.

“Direcionamos nossos esforços para um problema bem específico e significativo: o conhecimento completo e a automação das etapas para as PMEs obterem crédito e assim destravar o potencial da duplicata eletrônica. Nosso agente financeiro virtual utiliza um mecanismo de AI-powered answer engine, que integra múltiplos agentes suportados pelos principais LLMs (large language models)”, explica o CTO da fintech. “Estamos desenvolvendo processos totalmente integrados com dinheiro programável, projetados para facilitar a vida dos nossos clientes. Imagine uma duplicata em que a conta do recebível é completamente programável e direcionada diretamente para o comprador do título. Esse é o principal desafio dos recebíveis que utilizam boletos como forma de pagamento”, completa.

Outros ganhos com a licença do BC

Carvalho conta que a fintech pediu a licença para atuar como iniciadora de pagamento no início deste ano. Segundo ele, uma das vantagens de ter que seguir todos os passos da regulação estabelecida pelo BC está na governança.

“Tivemos que organizar toda a estrutura de governança, implantar processos e vamos ter que executá-los muito bem porque teremos a supervisão do regulador. Nós queremos crescer rápido e sem governança isso não é possível. Regular a empresa ajuda a nos preparar para os desafios do crescimento”, afirma.

Para obter uma licença como a que a Delend conseguiu, a instituição precisa ter R$ 1 milhão de capital social integralizado e de patrimônio líquido. Para obter licença como outras modalidades de pagamento, os valores variam entre R$ 2 milhões e R$ 3 milhões, novos critérios definidos no dia 2 de agosto pelo BC.

“É preciso ter uma operação que pague o investimento em governança, processos e sistema. Como a gente vem de uma aquisição e teve um faturamento expressivo no ano passado, de R$ 54 milhões, e a expectativa é passar dos R$ 75 milhões indo até R$ 80 milhões este ano, achamos que fazia sentido essa mudança”, diz Carvalho.

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Simone Costa

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