Data centers regionais surgem como nova tendência para os ISPs

O alto custo de capital continuará a desestimular o incremento de M&A no mercado dos provedores regionais, mas negócios mais especializados flexíveis estarão em alta, avaliam Daniel Wada e André Alves, sócios da consultoria Advisia.
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O alto custo de capital continuará a ser um fator chave para impedir a proliferação de M&A no setor de telecom em 2025. Mas novas tendências, como o surgimento de micro data centers regionais, aparecerão com mais força em 25, avaliam Daniel Wada e André Alves, sócios da consultoria Advisia.

“ Aquele boom de IPOs [oferta inicial de ações] que se assistiu há alguns anos continuará ausente, mas poderá ocorrer melhores oportunidades para algumas fusões e aquisições, visto que muitas empresas estão bastante alavancadas, sendo forçadas à venda”, avalia Wada. Segundo ele, muitos pequenos e médios provedores regionais estão enfrentando grandes dificuldades para refinanciar  suas dívidas, visto que “os bancos fecharam a torneira”, o que pode ser uma oportunidade para os grupos que mantêm a estratégica de crescimento não orgânico, ou seja, por meio de aquisições.

Observa que em 2024 houve muito poucas aquisições porque os movimentos dos anos anteriores – de compra de empresas a preços até 5,5 vezes maiores do que as suas receitas – provocou a necessidade desses grupos diminuírem o fôlego comprador, para reduzir também a sua alavancagem (ou endividamento).

Para Alves, por sua vez, a alta taxas de juros internas oferece, como contrapartida, o fortalecimento do modelo de negócios de empresas de rede neutra e da opção pelo compartilhamento dessa infraestrutura entre os operadores médios e pequenos, tendência que, avalia, irá aumentar a partir de 25. “O modelo de concessão tradicional vem sendo gradualmente substituído por contratos mais flexíveis, especialmente na infraestrutura neutra”, afirma.

Data Centers e novas demandas

Com o avanço da digitalização, a centralização de processamento e armazenamento de dados na nuvem está dando espaço a um modelo mais distribuído e próximo do consumidor final. Para Wada, o aumento do uso de inteligência artificial (IA), Internet das Coisas (IoT) e 5G está impulsionando a demanda por micro data centers regionais, que oferecem menor latência e maior eficiência.

Embora o segmento de data centers tenha grandes players globais estabelecidos, como AWS e Microsoft, há espaço para pequenos e médios provedores, especialmente aqueles que se especializam em atender nichos regionais ou mercados específicos. “A fragmentação da cadeia de valor é uma tendência que vemos se consolidar”, comenta ele.

A infraestrutura voltada à IA apresenta desafios específicos, como o alto consumo de energia e a necessidade de sistemas robustos de resfriamento. O Brasil, com sua matriz energética predominantemente limpa, se posiciona como um player competitivo, especialmente em regiões como o Nordeste, que apresentam custos operacionais mais baixos, apontam.

Regulação

A questão regulatória permanece um ponto de atenção.  Destacam que a precificação sustentável e as obrigações associadas a leilões de espectro, como no caso do 5G, são desafios que exigem planejamento de longo prazo. O uso do 5G, avaliam, ainda enfrenta barreiras em termos de monetização no mercado de consumo final. A aposta para retorno aos investimentos realizados está mais voltada ao mercado corporativo, onde soluções customizadas podem viabilizar novos fluxos de receita.

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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