Dados em grandes volumes, sem dor
Por Marco Wenna*
Enquanto o Brasil procura entender os impactos do leilão do 5G, que definiu o mapa do serviço móvel 5G no país, é natural que todos centrem o seu foco nas vantagens que esse salto tecnológico representa à sociedade brasileira e os inúmeros serviços que lhe passarão a ser oferecidos. A retaguarda das operadoras, no entanto, continua enfrentando desafios que pouco têm a ver com a sua infraestrutura física e ao seu potencial de suportar serviços. Dizem respeito, sim, à sua infraestrutura de dados e ao seu gerenciamento, à sua compliance, assim como, à democratização do acesso massivo às informações da casa entre as mais diversas áreas, em formatos que permitam insights, análises e projeções de variáveis diversas.
Estamos falando de desafios que estão relacionados ao cerne do negócio. Refiro-me aos esforços que garantem que informações precisas e atualizadas, em conformidade com a legislação, cheguem às mãos das pessoas certas, integradas a outros dados estratégicos para criar novas visões de negócio e um atendimento 360 graus, essencial para garantir ao consumidor final experiências positivas e um relacionamento de longo prazo.
A verdade é que operadoras de telefonia e de comunicação de dados se deparam, aqui e em outros países, com a dor de contarem com informações sobre seus clientes, serviços e vendas em bases de dados diferentes, formatos de arquivos diversos, além de regras de acesso cada vez mais rígidas ante às exigências das diversas leis de privacidade, como a brasileira Lei Geral de Proteção a Dados (LGPD). Isso, sem falar, nas regulações específicas das telecomunicações. Tudo isso levando em conta operações gigantescas.
Na prática, é comum vermos empresas de telefonia na incômoda situação de possuírem informações em seus servidores locais, mas que precisam ser cruzadas com outras, em nuvens de provedores diversos, sem falar nas que são colhidas nas redes sociais. Por isso mesmo, a experiência de integração de dados nos volumes gigantes que o setor exige pode ser particularmente penosa, demorada e, muitas vezes, desatualizada e inconsistente com as regras de compliance em vigor em cada mercado específico.
A boa notícia é que é possível e relativamente simples integrar em todos esses dados, em grandes volumes, estejam onde estiverem, com compliance. Isso pode ser feito por meio da virtualização de dados. Por meio dela, cria-se uma camada virtual lógica – na prática, uma plataforma – que permeia as várias bases de dados e que permite acessá-los em tempo real nas suas fontes de origem. Melhor. Torna possível, ainda, entregá-los ao usuário final por meio de tráfegos criptografados, com regras de compliance e governança de dados.
Um exemplo nesse sentido deu-se com a europeia Vodafone, presente em dezenas países com uma carteira de 300 milhões de clientes. Ao adotar essa arquitetura de dados, a Vodafone empoderou o seu call center, habilitando seus colaboradores a acessar, rapidamente, diferentes bases de dados, como faturamento e gestão de incidentes, para apoiar o seu CRM. E, mesmo diante da complexidade da operação, reduziu o tempo de resposta do serviço em 66% – de 6 minutos de atendimento para 2. Em paralelo, a operadora aumentou as oportunidades de faturamento a partir do aumento de vendas de serviços por cliente, bem como ampliou o cross selling entre as diversas áreas da empresa.
Ainda que não seja a resposta para todos as dores das operadoras de telecom, a verdade é que, por meio da virtualização de dados, mesmo em situações que exigem operações massivas de dados, é possível buscar as informações onde quer que se encontrem, sem duplicá-las. Estamos falando de uma integração de dados relativamente rápida, simples e muito menos complexa que as tradicionais.
(*) Marco Wenna é diretor de Vendas da Denodo no Brasil