D2D: EUA definem regras para conexão entre satélite e celular

FCC adotou quadro regulatório que facilita a colaboração entre operadoras de satélite e de celular para serviços de conectividade; regramento também prevê aumentar a eficiência do uso do espectro
FCC implementa regras para serviços D2D entre satélite e celular nos EUA
EUA saem na frente na regulação de serviços D2D, a conexão entre satélite e celular (crédito: Freepik)

A Comissão Federal de Comunicações (FCC) dos Estados Unidos – órgão com atribuições semelhantes às da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) – definiu, na quinta-feira, 14, as regras finais para implementar um quadro regulatório dedicado às conexões entre satélite e celular, tecnologia também conhecida como direct to device (D2D).

A iniciativa faz parte de um plano do regulador norte-americano para estender o alcance das redes sem fio para áreas remotas do país, além de viabilizar o que chama de “futuro de rede única” – situação em que o usuário estará conectado à rede, sem notar qual tecnologia é responsável pela conexão.

A FCC chama a convergência entre satélite e celular de “cobertura suplementar do espaço” (SCS, sigla para supplemental coverage from space). Na prática, a estrutura foi projetada para permitir parcerias entre operadoras móveis e provedores de serviços de satélite, de modo que o usuário não fique sem sinal mesmo em áreas nas quais não há cobertura de rede móvel ou quando infraestruturas terrestres são danificadas por desastres naturais.

“Através da ação de hoje, a FCC dá o primeiro passo no estabelecimento de processos claros e transparentes para apoiar esses serviços. Conectar consumidores a serviços sem fio essenciais onde os tradicionais serviços móveis não estão disponíveis pode salvar vidas em locais remotos e pode abrir oportunidades inovadoras para consumidores e empresas”, afirma a agência norte-americana, em nota.

Eficiência espectral

Segundo a FCC, o conjunto de regras também visa a promover o uso eficiente do espectro radioelétrico. Isso porque a regulação da cobertura suplementar do espaço prevê que operadoras de satélites, em parceria com empresas de redes móveis terrestres, solicitem ao regulador uma autorização para operar estações espaciais em determinado espectro licenciado e de uso flexível.

“Desenvolvemos uma estrutura que permite que um operador de satélite faça parceria com uma operadora móvel terrestre para obter acesso ao seu espectro terrestre. Então, o sistema de satélite pode fornecer serviço diretamente aos assinantes da operadora sem fio em áreas onde a operadora carece de cobertura. Portanto, não há necessidade de esperar por um novo espectro ou por uma nova geração de dispositivos”, ressaltou a presidente da Comissão, Jessica Rosenworcel.

“Operadoras de satélite e suas operadoras móveis colaboradoras podem usar o espectro terrestre que já está no mercado para trazer esses serviços para os telefones que temos hoje”, reforçou.

O quadro regulatório também estabeleceu, ainda que provisoriamente, que operadoras móveis encaminhem todas as chamadas feitas para o serviço de emergência norte-americano, pelo telefone 911, para um ponto de atendimento de segurança pública usando roteamento baseado na localização do usuário, o que agiliza o deslocamento das equipes de socorro.

A conexão direta entre satélite e celular também está avançando no Brasil. No início deste mês, o Conselho Diretor da Anatel aprovou um sandbox regulatório para experimentação da tecnologia. Vale lembrar que Claro e TIM tem projetos de D2D com a norte-americana AST SpaceMobile.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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