Cronograma de venda futura de frequências não deve incluir faixa de 600 MHz

Anatel vai publicar no próximo ano um cronograma para os futuros leilões e as frequências a serem leiloadas. Mas a faixa de 600 MHz para telecom depende do Ministério das Comunicações.

(crédito: Freepik)

A Anatel deverá lançar no início do próximo ano uma consulta pública com um cronograma com os futuros leilões de frequências que serão realizados pela Anatel, indicando quais faixas estarão à venda, para um período de pelo menos cinco anos. ¨Queremos dar previsibilidade a todos os agentes do mercado de quais frequências serão colocadas a venda e em que prazo¨, afirmou o presidente da agência, Carlos Baigorri, no Painel Telebrasil, evento que ocorre em Brasília.

Segundo ele, nesse cronograma não deverá estar incluída, porém, a previsão de venda da faixa de 600 MHz, que atualmente está destinada para o setor de radiodifusão, e há uma política pública voltada para a TV 3.0. ¨A frequência de 600 MHz está ´blindada´ pela política pública, e somente o Ministério das Comunicações pode apontar que ela poderá ser usada para os serviços de telecomunicações¨, explicou Baigorri ao Tele.Síntese.

Cronograma Frequências

Mas o setor da telefonia móvel no país e no globo reivindica a destinação dessa faixa para a telefonia celular, pois alega que o serviço irá precisar de muito mais espectro após 2030, quando começará a surgir a sexta geração da tecnologia móvel, o 6G.

Segundo Luiz Felippe Zaghbi, diretor de Espectro da GSMA,  essa frequência poderá levar a qualidade do 5G para regiões mais remotas do globo e do Brasil. ¨O Brasil tem hoje uma das velocidades mais altas do 5G, com 350 Mbps, acima de muitos países que iniciaram a 5G há mais tempo. Se a gente acrescentar a faixa de 600 MHz nessa equação, podermos atingir velocidades 50% maiores, afirmou.

Limpeza da faixa

Conforme Geraldo Neto, sócio da TMG Consulting, não seria muito difícil fazer a limpeza dessa faixa para o uso da telefonia celular. Comenta-se que a ideia é transferir as emissoras de TV que ocupam essa banda para a faixa mais baixa, de 300 MHz.  O principal desafio é mesmo acomodar todos os canais de TV que estão presentes nas principais capitais brasileiras.

Em seu estudo, a consultoria já constatou, por exemplo, que apenas 20% dos municípios brasileiros têm a faixa de 600 MHz disponível para os canais de TV e que pelo menos 2,4 mil desses municípios têm apenas três canais de TV licenciados. ¨È viável fazer a migração para o UHF abaixo de 38¨, afirmou ele.

 

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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