Cooperação internacional deve fortalecer segurança cibernética na era da IA
O Workshop Segurança Cibernética da Inteligência Artificial, realizado pelo Centro de Altos Estudos em Comunicações Digitais e Inovações Tecnológicas (Ceadi), marcou seu primeiro ano de atividades com debates sobre os desafios e oportunidades que a inteligência artificial (IA) apresenta para a segurança cibernética global. Larissa Schneider Calza, chefe da Divisão de Defesa e Segurança Cibernética do Ministério das Relações Exteriores, ressaltou a tensão geopolítica envolvida na regulação de tecnologias digitais.
Ela observou que “a cooperação internacional e o desenvolvimento de estratégias conjuntas são essenciais para navegar essas questões”, uma vez que a segurança de um país pode impactar globalmente. Esse posicionamento foi complementado por Sandro Mendonça, ex-conselheiro da Acom e professor na Iscte Business School, em Portugal, que alertou sobre a necessidade de uma abordagem partilhada na integração de centros de investigação e segurança tecnológica, afirmando que “o exercício dessa soberania deve ser visto de uma lógica partilhada”.
Durante o debate, foi enfatizada a urgência de colaboração internacional para enfrentar as crescentes ameaças cibernéticas, com destaque para a necessidade de desenvolver estruturas de governança que equilibrem a inovação com a segurança.
A soberania digital em debate
Larissa Calza também destacou que a regulação internacional das tecnologias digitais frequentemente navega em uma tensão entre o controle estatal e a cooperação multilateral.
“Embora alguns poucos países tenham amplo domínio tecnológico, a segurança cibernética é uma responsabilidade coletiva. A vulnerabilidade de um país pode afetar outros”, afirmou ressaltando a importância de uma governança global inclusiva.
O professor Sandro Mendonça complementou a discussão, destacando a interdependência entre nações em termos de desenvolvimento e segurança tecnológica. Segundo Mendonça, “a soberania digital deve ser exercida de maneira colaborativa, principalmente ao integrar centros de investigação que conciliem liberdade acadêmica e segurança”.
Desafios
Gustavo Borges, superintendente da Anatel, apontou que o Brasil tem adotado uma postura equilibrada nas discussões internacionais sobre segurança cibernética, buscando “pontes entre os mais distintos polos”, especialmente considerando sua posição como país em desenvolvimento.
Ele enfatizou a importância de manter um equilíbrio entre aproveitar as vantagens da IA e mitigar seus riscos, algo que foi reforçado por Alexandre Freire, conselheiro da Anatel e presidente do Conselho Superior do Ceadi.
Freire destacou que “a IA pode potencializar tanto as defesas quanto as ameaças cibernéticas”, mencionando a necessidade de encontrar formas eficazes de utilizar essa tecnologia sem comprometer a segurança.