Conexão adequada chega a apenas 11% das escolas com mais alunos

Estudo mostra que velocidade média de download nas escolas públicas estaduais e municipais é de 0,26 Mbps, abaixo da meta estipulada pelo governo de 1 Mbps por aluno no turno mais cheio
Apenas 11% das escolas com mais alunos têm acesso adequado à internet
Acesso adequado à internet ainda não é realidade na maioria das escolas públicas do País (crédito: Freepik)

Apenas 11% das escolas públicas com mais de 50 estudantes matriculados no turno mais cheio contam com conexão de internet com velocidade de download igual ou superior a 1 Mbps por aluno. Em termos absolutos, são 3.640 escolas com conexão adequada, de acordo com parâmetros do governo federal, dentro de um universo de 32.379 unidades de ensino com pelo menos 50 alunos no período mais movimentado.

A quantidade de escolas observadas tem como referência um indicador do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), presente em mais da metade das escolas do País (saiba mais abaixo).

A meta de velocidade de 1 Mbps por aluno no turno mais cheio foi determinada pelo governo federal como parte da Estratégia Nacional de Escolas Conectadas (ENEC), que visa a levar banda larga a todas as escolas públicas do País até 2026.

Além disso, a média nacional de velocidade de download por estudante no turno mais movimentado ficou em 0,26 Mbps em 2023. Apesar de ainda estar abaixo do recomendado, demonstrou avanço em relação ao registrado em 2022 (0,19 Mbps).

Os dados são do “Panorama da qualidade da Internet nas escolas públicas brasileiras”, divulgado pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Tecnologia de Redes e Operações (Ceptro.br) do NIC.br, nesta quinta-feira, 23, durante o 14º Fórum da Internet no Brasil (FIB).

Internet para fins pedagógicos

O levantamento também mostra que o uso pedagógico da banda larga associada à Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) em sala de aula ainda não se consolidou no País.

Segundo a pesquisa, há 137.208 escolas públicas estaduais e municipais no território brasileiro, das quais 89% (121.416) estão conectadas à rede (isto é, o acesso à internet está disponível em algum espaço da unidade de ensino). No entanto, apenas 62% (85.039) afirmam dispor de internet para o processo de ensino e aprendizagem.

O percentual cai para 29% (40.029) quando se avalia apenas escolas que, de fato, fornecem equipamentos (PCs, notebooks, tablets) para os alunos acessarem a web. Inclusive, entre as escolas que possuem algum dispositivo, a média é de um equipamento para cada dez alunos no período com mais estudantes matriculados.

Na prática, apenas 119 escolas públicas no Brasil declaram ter ao menos um equipamento por aluno matriculado – ou seja, 0,09% das unidades de ensino.

“As TICs têm se tornado cada vez mais relevantes nas atividades em sala de aula, o que, a reboque, reforça a necessidade de uma conexão à rede apropriada e capaz de atender a todos os estudantes”, diz Paulo Kuester Neto, supervisor de projetos do NIC.br. “No contexto geral, observamos nos últimos anos uma evolução na oferta de internet para fins educacionais e no número de escolas públicas que passaram a ter 1 Mbps por aluno, mas ainda há espaço para melhorias”, acrescenta.

Regiões

O estudo mostra que o Norte e o Nordeste têm menor cobertura e qualidade de conexão nas escolas, mas algumas localidades, como as capitais e as regiões metropolitanas, têm condições similares às vistas em outras regiões do País. O levantamento indica que quase todas as escolas das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste dispõem de acesso à internet (não necessariamente para fins pedagógicos).

Vale notar que nenhum estado alcança a meta de oferecer 1 Mbps por aluno. Nesse quesito, os melhores resultados foram registrados no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e em Goiás, com velocidade em torno de 0,5 Mbps por estudante. Amazonas, Acre e Amapá aparecem na outra ponta, com cerca de 0,1 Mbps por aluno.

Metodologia

O estudo foi feito com auxílio do Medidor Educação Conectada, software de monitoramento contínuo de métricas de qualidade de conexão do Ceptro.br/NIC.br. A aplicação está presente em 57% (69.280) das escolas do País. Dados do Censo Escolar da Educação Básica, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), também foram utilizados.

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Eduardo Vasconcelos

Jornalista e Economista

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