Conectividade e acesso têm que ser direitos universais, defende Yon Moreira, da Surf Telecom
O debate sobre o papel da digitalização das operadoras e as razões dos porquês que elas recorreram à automação, aos assistentes virtuais e à Inteligência Artificial em seu relacionamento com o cliente subiu de tom quando o CEO da Surf Telecom, uma MVNO que opera a rede do Correios Celular usando a rede da TIM disse que o problema concreto do Brasil é que ainda há muita gente excluída dos serviços, porque o país é muito desigual. “Temos 100 milhões de brasileiros que não têm banda larga fixa, portanto uma banda larga de qualidade, outros 60 milhões que não têm conta em banco, fora os 40 milhões de subempregados”, disse. “Temos que olhar para essa gente. Temos que colocar essa gente para dentro”, afirmou, lembrando ainda que existem 13 milhões de desempregados.
A afirmação de Yon, verdadeira, criou um certo desconforto durante painel no Encontro Tele.Síntese realizado ontem em Brasília, no Brasília Palace. Ele estava defendendo seu peixe. O modelo de negócio da Surf Telecom é voltado pra baixa renda. O Correios Celular só vende pré-pago. Foi o primeiro a vender internet ilimitada. E a Surf acaba de lançar sua conta bancária virtual. Vários bancos já têm. Mas operadoras que tentaram desistiram. Ela diz que seguirá em frente.
A provocação de Yon não ficou sem resposta. Rodrigo Duclos, Chief Digital Officer da Claro Brasil, afirmou que não vê dicotomia entre inclusão social e digitalização. “Temos que caminhar nas duas direções”, afirmou. “De um lado, incluir quem está fora do sistema, com planos acessíveis, de outro sermos cada vez mais digitais para termos melhor relação com o cliente e menores custos”, ponderou. O entendimento de Ricardo Hobbs, VP de Estratégia e Transformação da Telefônica Brasil é bem parecido. “Uma ação não inibe a outra. Também acho que conectividade tem que ser direito universal.”