Como a TIM criou um serviço inovador graças ao big data
A partir de hoje, o Tele.Síntese publicará semanalmente duas reportagens sobre as tendências e inovações em telecomunicações. O conteúdo completo está originalmente publicado no Anuário Tele.Síntese de Inovação 2017, que além de apontar os rumos do setor, elegeu os serviços mais inovadores do último ano. Confira, abaixo, como a TIM foi eleita a operadora mais inovadora ao apostar em forma de usar o big data para conhecer o tráfego de pessoas na cidade do Rio de Janeiro.
No mapa, o vai e vem das pessoas
Quando surgiu a oportunidade de desenvolver em conjunto com a Prefeitura do Rio de Janeiro, mais especificamente com o Centro de Controle de Operações, um projeto para acompanhar o deslocamento das pessoas durante a Olimpíada de 2016 e o Carnaval de 2017, a partir do sinal do celular, a equipe de estratégia de mercado da TIM Brasil não pensou duas vezes. Era a oportunidade de usar o registro de chamadas de seus assinantes, os CDRs, de uma forma mais inteligente e de agregar valor aos dados, mantendo a sua impessoalidade.
Já há três ou quatro anos, a TIM, a exemplo de outras operadoras, usa os dados de seus CDRs, tratados com a tecnologia de Big Data e ferramentas de analytics, para melhorar seu relacionamento com o cliente, desenvolver ofertas mais adequadas ao perfil de consumo e realizar promoções. Mas ainda não tinha feito nenhuma incursão para transformar os dados agregados em produto para terceiros.
Do protótipo ao produto
Da experiência com a Prefeitura do Rio de Janeiro resultou um produto, o Mapa de Deslocamento de Massa em Tempo Real, que a operadora está usando em projetos com outros clientes. “No momento, mais do que vender um novo serviço de dados agregados, o que estamos fazendo são parcerias que permitem enriquecer nosso conhecimento e nossa base de dados”, conta Luis Minoru Shibata, diretor de Estratégia da TIM.
Com o Mapa, é possível monitorar o deslocamento em tempo real. Isso permitiu, no caso do Rio de Janeiro, gerir o tráfego urbano nos momentos de concentração de pessoas, distribuir adequadamente os agentes de trânsito, dar informações à área de segurança pública e apoiar a secretaria encarregada da limpeza urbana por meio de um aplicativo de fotos instalado em câmeras e enviado automaticamente para o Centro de Controle, como todos os demais dados, lembra Minoru. Para ele, o case da Prefeitura do Rio de Janeiro deu projeção à TIM, a primeira a fazer um projeto de mobilidade urbana desse porte. Depois dela, outras operadoras também estão desenvolvendo projetos na mesma área.
A inovação do Mapa está em viabilizar uma solução que seja homogênea, escalável a partir de infraestrutura já instalada, preservando a privacidade do usuário e a segurança das redes. “Nesse caso, as informações fornecidas pela TIM preservam o anonimato dos clientes e a proteção dos dados permanece não vulnerável, sob sistema de segurança blindado. Hoje, a Tim processa 6,1 bilhões de dados diários gerados pelos seus usuários, os quais podem ser transformados em informação com a aplicação de analytics sem a necessidade de investimento adicional em sensores. O serviço confirma que as redes de telecomunicações já constituem fonte de informação valiosa para a criação de modelos de monitoramento de Cidades Inteligentes”, observa o diretor de Estratégia da TIM.
O grande papel das operadoras de telecomunicações no processo de gerenciamento das grandes cidades é que elas já cobrem essas cidades de forma homogênea e possuem capacidade de processamento, incrementada para atender à demanda. Ou seja, tanto o registro dos dados anônimos, decorrentes do processe de gerar a conectividade, como a capacidade de processamento já existem. “Basta aplicar o analytics sobre elas para extrair as informações de mobilidade que suportam as decisões e planejamento dos recursos e serviços públicos”, informa Minoru.
Tratamento dos dados e IoT
No momento, a operadora está negociando com a Prefeitura do Rio de Janeiro um novo contrato para uso do Mapa de Deslocamento para eventos específicos com foco em ações de mobilidade urbana, segurança e limpeza. Outros clientes vieram do mercado imobiliário. “A empresa estava lançando um empreendimento imobiliário e queria saber quem eram as pessoas que frequentavam o bairro e de onde vinham”, comenta Minoru.
Na esteira dessa incorporadora, vieram outras. Agora, diz Minoru, o objetivo é dar um passo à frente no tratamento dos dados agregados. “Estamos vendo como algumas informações podem ser colocadas em uma API (do inglês Application Programming Interface) para que possam ser usadas por parceiros estratégicos externos para desenvolver aplicativos”, conta ele.
Esse passo é importante não só porque acelera a oferta de novos apps sobre os dados agregados, como o produto final fica mais leve. “No lugar de levar todas as instruções para dentro do aplicativo, elas ficam na API, e o app, mais leve, consome menos bateria”, relata o diretor de Estratégia da TIM.
Na avaliação do Minoru, a venda de dados agregados e impessoais, sempre preservando a privacidade do usuário, pode vir a ser um negócio para a operadora. Mas ele entende que ele será disruptivo a partir do momento em que a Internet das Coisas (IoT) se tornar realidade e os chips estiverem implantados em milhões de “coisas” monitoradas. “Por isso, desenvolver esses projetos agora é uma curva de aprendizado importante”, diz.
E fazer a curva do aprendizado a partir da gestão do deslocamento urbano faz todo o sentido, pois ele impacta no desenvolvimento econômico da cidade e na qualidade de vida do cidadão. Sem dizer, comenta Minoru, que é um componente importante no planejamento urbano e para o desenvolvimento sustentável das cidades.