Com ativos da Oi e 5G, TIM define meta de superar as rivais

Executivos da TIM afirmam que a compra da Oi Móvel trouxe superioridade de cobertura, de qualidade de rede, e rentabilidade, e que também ficará à frente no 5G: já falam em refarming da faixa de 1,8 GHz, usa hoje em dia no 4G.
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Alberto Griselli, CEO da TIM – crédito: divulgação

O presidente da TIM Brasil, Alberto Griselli, não poupou superlativos hoje, 4, durante apresentação a analistas para dizer que a empresa está mais bem posicionada para a próxima onda de telefonia móvel do que as rivais. Segundo ele, a compra da Oi Móvel muda tudo para a tele e, juntamente com os planos para 5G, colocam a TIM no rumo para superar as concorrentes em qualidade e se tornar a “melhor operadora do Brasil”.

Quando diz melhor, o executivo resume: melhor experiência do clientes graças à abundância de espectro, melhor rentabilidade para acionistas, melhor em atração de clientes de alto valor, ampliando as receitas em ritmo mais elevado que as rivais.

“A aspiração é completar o ciclo de evolução da companhia, transformando-a numa operadora de próxima geração, à frente de seu tempo e com um patamar de excelência bem acima da média do mercado, passando a ser reconhecida como a melhor do Brasil.”

Rentabilidade

Em termos de rentabilidade, Griselli defendeu que a TIM tem o melhor nível de fluxo de caixa sobre a receita da América Latina, e a segunda melhor margem EBITDA da região. Mas na bolsa isso não está precificado, uma vez que a relação entre valor de mercado e EBITDA é de 3,7x, contra 6,1x da América Móvil, por exemplo. O valor das ações podem subir, ainda, 38%, diferente de Vivo e América Móvil (Claro), que têm um “upside” estimado por analistas financeiros de 6% e 4%, respectivamente.

Para valorizar seus papeis e atrair mais investidores, a TIM vai dobrar a remuneração a acionistas neste ano e começar na próxima semana um roadshow com investidores estrangeiros. Nos encontros, vai mostrar o potencial da companhia em aproveitar o que chama de “avenidas de crescimento” e vantagens competitivas em relação às concorrentes locais.

Compra da Oi

O principal fato do setor de telecomunicações do ano, a venda da Oi Móvel em fatias para TIM, Claro e Vivo, vai render mais sinergias para a TIM do que para as demais, garante Griselli. A tele se tornou a número um em cidades cobertas, a número um em população potencial atendida, e a número um em clientes por MHz de radiofrequência.

Na cobertura, passou a 5.370 cidades atendidas. Com essa base robusta e a melhoria contínua dos serviços, a TIM pretende ampliar seu valor de mercado em 50% até 2027 – um crescimento bem superior ao setor brasileiro de telecomunicações como um todo, que deve avançar 20% nesse período de cinco anos.

Com a incorporação dos novos ativos, a TIM passa a ter, por exemplo, presença mais vigorosa em todas as regiões do país. No Sudeste, região mais populosa e de maior atividade econômica, a operadora fica com 25% de participação no mercado. No Norte, com 21,2%. No Nordeste, com 26,5%. No Centro-Oeste, com 26,8%. E no Sul, com 36,8%.

A compra da fatia da Oi Móvel vai gerar até R$ 19 bilhões em valor com sinergias imediatas e oportunidades de geração de receita futuros. Se descontar o valor de R$ 7,3 bilhões pagos pela TIM, significa que até R$ 11,7 bilhões serão computados em favor da empresa.

Móvel em destaque

Griselli diz que a receita da TIM no móvel vai crescer 1,5x até 2027, contra 1,2x esperado para o mercado como um todo. A receita da banda larga fixa, até 3x. A unidade de B2B/IoT, 10x. E a plataforma de clientes, como são chamadas parcerias em aplicativos, 2,5x. Nenhum desses números incluem ainda o valor de mercado de novas empresas em IoT ou na plataforma de clientes das quais a TIM será (ou já é sócia), tendem a crescer e se valorizar.

Para atrair mais clientes dispostos a pagar mais pelos seus planos no móvel, a TIM aposta em muito marketing, com campanhas de publicidade ligando a marca a música. E vai inovar também nos planos: um exemplo é o lançamento próximo de um plano controle que prevê pagamento recorrente programado pelo PIX.

No pré-pago, a empresa aposta na regionalização de planos para satisfazer a população de cada área. E no pós, prevê a adição de mais serviços digitais para criar planos “more for more”, ou, pacotes mais caros, mas com mais serviços atrelados que justifiquem o valor pago pelo consumidor.

Ele diz que a TIM vem fazendo um trabalho cultural interno no sentido de garantir que a empresa se torne a “telco preferida no Brasil”. Para isso, vai manter investimentos nos conceitos de atendimento personalizado e uso de inteligência artificial para “superar as expectativas dos clientes”.

5G é prioridade e refarming do 4G já vai começar

O CTIO da TIM, Leonardo Capdeville, acrescentou que a operadora definiu sua estratégia até 2027 para ter o “melhor 5G” frente as rivais.

Disse ele que a companhia já vê o 4G como rede legada, que vai crescer até no máximo 2024 em tráfego de rede. A partir de então, vai estabilizar, enquanto o 5G passa a assumir o crescimento em fluxo de dados de forma exponencial.

Capdeville afirmou que o 5G é prioridade, que a empresa vai fazer o refarming da frequência de 1,8 GHz, atualmente em uso no 4G. No início, esta redestinação de espectro por parte da tele será apenas em áreas onde há rádios com a tecnologia Massive MIMO. Esta tecnologia, no 4G, entregava velocidades de cerca de 350 Mbps por célula. Se utilizada para o 5G, entrega velocidade de até 1,4 Gbps.

Ele calcula ainda que conforme a penetração do 5G aumenta, cai a necessidade de Capex da companhia. “Se conseguirmos a acelerar o uso do 5G no Brasil, mudar do cenário mais conservador, com um 17% do tráfego em 5G, para aquele de maior tráfego, 41%, até 2024, poderemos ter uma economia de até R$ 600 milhões no Capex”, afirmou.

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Rafael Bucco

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