Claro quer leilão da frequência de 3,5 GHz para depois de 2021

Segundo Ayrton Capella, a Anatel só deveria colocar à venda espectro de 5G depois que tivesse todas as respostas para mitigar a interferência nos 17 milhões de aparelhos de TV aberta na banda C do satélite (TVRO) e depois que a 4G fosse rentabilizada

A Anatel já anunciou que pretende realizar o leilão de venda das frequências de 5G – a faixa de 3,5 GHz – aliadas às faixas de 2,3 GHz e a sobra de 700 MHz para o final do próximo ano, início de 2020. Mas nem todas as empresas que atuam no país concordam com esse cronograma. Para a Claro, a Anatel só deveria colocar à venda o espectro depois que forem concluídos os testes de interferência sobre os serviços de TV aberta na banda C do satélite, que atualmente ocupam essa faixa.

” Antes de vender a frequência de 3,5 GHz precisamos avaliar os efeitos do uso da faixa sobre as TVROs. Isso determinará como o serviço de celular será prestado, quais serão as topologias das redes, as potências das Erbs, o tamanho das células, entre outras questões técnicas”, afirmou hoje, Ayrton Capella, diretor de Assuntos Regulatórios da Claro Brasil, durante o 55 Encontro Tele.Síntese.

O executivo lembrou que a empresa, uma das únicas que comprou esse espectro há vários anos, quando ele foi colocado à venda pela agência, enfrentou muitos problemas quando tentou instalar seus equipamentos para a tecnologia WiMax, que foi descontinuada. Problemas que resultaram em interferência nos serviços de TV via satélite. ” Como será a atuação nos 17 milhões de aparelhos de TV que estão em uso e como iremos mitigar os efeitos, com que soluções, que custos como será a execução dessas técnicas de mitigação?”, indagou ele.

4G

Para a Claro Brasil, a venda de espectro para a 5G deve ser feita somente depois de 2021 porque a tecnologia 4G ainda não está totalmente implementada no país e nem rentabilizada. ” O fim do remanejamento da faixa de 700 MHz está previsto apenas para outubro de 2019 e a tecnologia de 4G não foi ainda rentabilizada. Não se pode dar o próximo passo sem que isso impacte a capacidade de investimento das prestadoras do setor”, concluiu Capella.

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Miriam Aquino

Jornalista há mais de 30 anos, é diretora da Momento Editorial e responsável pela sucursal de Brasília. Especializou-se nas áreas de telecomunicações e de Tecnologia da Informação, e tem ampla experiência no acompanhamento de políticas públicas e dos assuntos regulatórios.
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