Claro e NET fazem primeiro teste de LTE Broadcast na América Latina
O primeiro teste com a tecnologia LTE Broadcast — que permite a transmissão de vídeos ao vivo com alta qualidade para múltiplos usuários– na América do Sul foi feito hoje durante o torneio de tênis internacional Rio Open, no Rio de Janeiro. A iniciativa foi liderada pela Claro e NET em parceria com a Qualcomm, Ericsson, Samsung, Globosat e Movile. Mesmo ainda sem modelos de negócios estabelecidos e provados, a proposta das operadoras é estimular o ecossistema de fornecedores da plataforma para que possa ser viabili zada tanto financeira quanto tecnologicamente e, dessa forma, justifique posteriores investimentos.A solução está comercial, por enquanto, apenas na Coreia, e tem um ciclo de implementação similar ao da 4G, ou seja próximo a dois anos.
“Esse é apenas o começo, mas o importante é que estamos sinalizando para o mercado que há interesse em conhecer melhor essa tecnologia e explorar seu potencial”, comentou Marcio Carvalho, diretor de marketing da América Móvil para o mercado residencial. Ele ressaltou que mesmo que voltada para as transmissões para celulares, a plataforma pode encontar demanda em outros mercados, como a TV por assinatura. “O LTE Broadcast pode atender a várias aplicações, como aúdio, vídeo, TV Everywhere”, completou Rodrigo Vidigal, diretor de marketing da América Móvil para o mercado pessoal.
A Telstra, da Austrália, realizou o que foi considerado o primeiro teste de LTE Broadcast, e vários outros se seguiram tanto na Europa quanto nos Estados Unidos. Mas foi a operadora coreana KT responsável pelo primeiro lançamento comercial do serviço. “Ela trabalha com um modelo de negócios com cobertura premium de determinados eventos, como jogos ou show”, observou Carvalho. Esse é um modelo que, na sua avaliação, serviria também para o mercado brasileiro. “O que precisamos mostrar é que o consumidor enxerga valor nesse serviço. Com isso, os fabricantes podem avançar com projetos nessa área”, observou o executivo.
A chegada da LTE Broadcast pode antecipar para a 4G a oferta de um tipo de serviço que provavelmente fará parte das redes 5G, previstas para 2020. “Poderá ter outro nome ou padronização, mas com certeza a quinta geração terá recursos de broadcast”, comentou Roberto Medeiros, diretor senior de desenvolvimento de produtos da Qualcomm Brasil. A empresa foi uma das responsáveis pelo desenvolvimento e padronização da tecnologia e, atualmente, sua nova linha de chips Snapdragon é compatível com a plataforma. Mas a ativação da tecnologia via middleware teria de ser feita pelos fabricantes de smartphones com terminais.
Em alguns mercados, como o coreano, os modelos S5 e S6 da Samsung já permitem o serviços gerados no LTE Broadcast. Isso poderia facilitar, por exemplo, a utilização desses aparelhos no Brasil, mas Matheus Regiani, diretor de produtos da empresa, lembra que há vários processos que precisam ser seguidos, incluindo testes e validações, que precisam ser completados. “Mas já temos a tecnologia em nossos modelos, podemos avançar rapidamente”, ponderou.
Para Medeiros, a plataforma LTE Broadcast evolui em três direções. Isso envolve a flexibilidade espacial e temporal, além de mais capacidade e maior cobertura. “Com o LTE Broadcast as operadoras podem utilizar melhor sua infraestrutura existente e entregar uma experiência de vídeo premium e otimizada sem sobrecarregar as redes, especiamente durante eventos com grande concentração de pessoas”, considerou o executivo. Apesar de as Olímpiadas que serão realizadas em junho no Rio de Janeiro terem um grande potencial para ser palco de mais um teste da plataforma, os executivos não revelam se há planos nesse sentido. Mas Medeiros confessa que outras operadoras têm mostrado interesse pela solução.
“O tráfego de vídeo terá um crescimento anual de 60% nas redes móveis até 2020”, lembrou Jefferson Nobile, dietor de soluções de TV e mídia da Ericsson. Esse cenário, nas sua avaliação, pressiona as operadoras para oferecerem um vídeo de alta qualidade a qualquer hora, em qualquer lugar. Segundo o executivo, a tecnologia LTE Broadcast pode usar de 1% a 60% da banda utilizada para a 4G., mas ele ressaltou que com uso de 10% a 20% é possível fazer transmissão simultânea de vídeos de notícias e esportes.
Para o teste durante o Rio Open, a Claro utilizou sua rede 4GMAX, fornecida pela Ericsson. A Samsung forneceu os aparelhos S5 e S6 que foram adaptados para o teste e a Movile desenvolveu o conteúdo exclusivo disponível no aplicativo Claro Esportes.